O natal chega juntamente aos presentes e alegria, mas outras
coisas também o acompanham: muita comida e bebida. Infelizmente, a moderação
não é vendida nas lojas e as pessoas preferem o abuso alimentar, deixando para
os medicamentos a responsabilidade que lhes falta. Esse eventual abuso pode comprometer problemas aparentemente
simples, mas, às vezes, muito graves. Os danos aparecem quando não valorizamos
a sensação de azia ou a dor sentida como a uma queimação. Esses sintomas, erroneamente
autodiagnosticados como iguais, levam para a automedicação dos antiácidos, uma
vez que são medicamentos isentos de prescrição – MIP.
Os antiácidos são substâncias químicas de caráter básico ou
alcalino, ou seja, reagem e neutralizam os ácidos presentes naturalmente no
estômago, onde é produzido muito ácido clorídrico. Você pode conhecer essa
substância como ácido muriático e que algumas pessoas a usam para limpar chão.
Você já ouviu falar? É muito reativo, mas no estômago, como há vários mecanismos
de defesa, não causa problemas, até que surja a azia ou a dor por queimação.
Na fórmula dos antiácidos há uma ou mais das seguintes
substâncias: bicarbonato de sódio, carbonato de cálcio ou sais de alumínio ou
de magnésio. Todos eles reagem rapidamente com o ácido dando uma sensação de
alívio com tempo de efeito variável. O uso esporádico não causa problemas,
desde que seja espaçado pelo menos duas horas de outros medicamentos. Porém o
uso contínuo pode trazer consequências.
Quando ingerido várias vezes, altas doses de sais de alumínio
diminuem a absorção do fosfato, importante componente dos ossos, tornando-os
enfraquecidos e doloridos. Ainda causa fraqueza muscular, além de causar
constipação intestinal. Já os saís de magnésio, ao contrário, causam diarreia.
Normalmente, muito pouco do antiácido ingerido será absorvido.
Eles irão aparecer diretamente nas fezes. No entanto, alterações sistêmicas
podem ocorrer, resultando em alcalose (excesso de substâncias básicas ou
alcalinas no sangue). O organismo sempre trabalha em equilíbrio, mexendo-se de
um lado, mexe-se de outro também. O ácido que saí do estômago precisa ser
neutralizado no intestino por substâncias alcalinas produzidas internamente. Ao
usar substâncias básicas externas, os antiácidos, acaba “sobrando” as do próprio
organismo, provocando alcalose que pode interferir na eliminação de
medicamentos pela urina ou comprometer quem tem insuficiência renal.
Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.
Se você tiver dúvidas, escreva para nós, o contato pode ser pelo e-mail cim@unisantos.br ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002, Santos-SP.
- Texto originalmente publicado pelo jornal da Orla no dia 24 de dezembro de 2010.
- Texto originalmente publicado pelo jornal da Orla no dia 24 de dezembro de 2010.
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