sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Os medicamentos e as festas II

Nas festas de fim de ano ou em outras quaisquer, muitas pessoas consomem quantidades abusivas de álcool que trazem graves consequências. O álcool é um depressor do sistema nervoso central, provoca a perda do equilíbrio e diminui reflexos, aumentando os riscos de acidentes. À parte de seus efeitos no cérebro, o álcool em excesso provoca enjoos e vômitos. As comadres e os compadres mandam tomar “aquele” remédio bom para o fígado, porque acham que ele é o vilão. Não é verdade! As altas doses de álcool lesionam o estômago, causando esse mal-estar. Sem falar na ressaca que chega.

A ressaca é fruto de acúmulo de aldeído que surge da metabolização do álcool no nosso organismo. O corpo tem uma capacidade limitada de processar o álcool. Altas concentrações de álcool representam quantidades elevadas de aldeído, causando dores de cabeça, fadiga e mal-estar generalizado. Não há medicamento para esse quadro. Não creia em propagandas. O organismo precisa processar o acúmulo e isso leva tempo. Água, repouso e alimentação leve são os paliativos que você pode fazer. Na realidade, o ideal é não abusar.

A irritação que o álcool provoca no estômago pode ser suficiente para provocar sangramentos gástricos, agravados quando você usa os analgésicos para as dores de cabeça da ressaca. Vários medicamentos têm esse princípio ativo. O ácido acetilsalicílico é o mais comum, mas outros analgésicos também causam problemas. Em 2009, houve a necessidade da Anvisa proibir a venda do “kit ressaca”. Algumas farmácias vendiam em uma única embalagem, três medicamentos de um mesmo laboratório. Um absurdo! Além disso, você pode ter certeza de que não existe nada “natural” para curar a ressaca.

Se você é usuário de medicamentos, converse com seu médico ou com um farmacêutico para saber se existe incompatibilidade com o álcool. Vários problemas podem ocorrer. Se você usa um depressor do sistema nervoso central (anti-histamínico, calmantes e outros) pode haver a somação dos efeitos e se tornar grave. Se você usa alguns tipos de antidiabéticos (clorpropamida, por exemplo) a ressaca será potencializada.

Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.

Se você tiver dúvidas, escreva para nós, o contato pode ser pelo e-mail cim@unisantos.br ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002, Santos-SP.

- Texto originalmente publicado pelo jornal da Orla no dia 31 de dezembro de 2010.

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