Com a
proximidade das festas de fim de ano, chegamos à época em que muitos abusos na
mesa e no copo são cometidos. É comum o consumo excessivo de bebida alcoólica e
a ingestão exagerada de alimentos. Dados recentes divulgados pela Organização
Mundial de Saúde apontaram um consumo de 6,2 litros de álcool por ano, por
indivíduos acima dos 15 anos. Pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de
Câncer mostrou que quase 12,4% da população acima de 15 anos bebe mais que a
quantidade considerada de risco à saúde: superior a duas doses por dia para
homens e uma dose para mulheres.
O consumo
excessivo de álcool mostra-se preocupante por diversas razões como aumento de
acidentes de trânsito, dependência química, problemas gastrointestinais,
hepáticos e neurológicos. Após o dia seguinte da festa é comum a
ocorrência de dois fenômenos: a ressaca e/ou indigestão. A ressaca inicia-se
cerca de 6 a 8 horas após o consumo e pode durar até 24 horas. Ela é caracterizada
por efeitos físicos e mentais, com variedade de sintomas. Os mais comuns são
dor de cabeça, náuseas, problemas de concentração, boca seca, tontura,
desconforto gastrintestinal, cansaço, tremores, falta de apetite, sudorese,
sonolência, ansiedade e irritabilidade.
Existe a
crença de que o órgão mais afetado após uma bebedeira é o fígado, porém, em um
primeiro momento, o estômago e o intestino sofrem as primeiras e piores
consequências do excesso de álcool e alimentos. O etanol pode alterar a
secreção, motilidade e a permeabilidade gástrica, levando a quadros de gastrite
aguda simples, aguda erosiva, aguda hemorrágica e, mais tardiamente com a
constância, de gastrite crônica. Além de também provocar um desarranjo na
microbiota intestinal, com efeitos danosos ao indivíduo.
A
indigestão, também chamada de dispepsia, é caracterizada pela digestão
demorada de alimentos devido a mau funcionamento do estômago ou ingestão de
alimentos em quantidades exageradas. Pode causar dor abdominal, náuseas e vômitos.
É responsável pela sensação de empachamento.
Os
antiácidos são amplamente utilizados após um dia de abuso. São encontrados no
mercado, principalmente, sob a forma de associações medicamentosas contendo
compostos básicos de alumínio, magnésio e cálcio, além de outros componentes
cuja função terapêutica é incerta. Está bem estabelecido que doses baixas, não
são efetivos no tratamento de úlceras ou dores e não constituem terapia eficaz
para o tratamento de nenhuma condição clínica.
O uso dos
chamados “Kit bebedeiras”, formado com antiácidos estomacais, analgésicos e
anti-inflamatórios, não são recomendados pois acabam por agravar a situação do
estômago devido ao próprio mecanismo de ação. O ideal é que os excessos sejam
evitados, comer e beber menos são a terapia mais adequada. Quando o excesso já
foi cometido, nada como um bom descanso, alimentação leve aliado a reidratação
constante.
Marina Maria
de Oliveira - 10º semestre do curso de Farmácia
Referências:
FREITAS,
E.L. et al. Perfil de utilização de antiácidos por usuários da farmácia
universitária da UFMG. Infarma, Belo Horizonte., v.18, n.9/10, 2006.
LIMA, A.C.S.
et al. Efeito da Ingestão Aguda de Álcool na Microbiota do Trato
Gastrointestinal e na Produção Local de IgA Secretora em Camundongos. Rev.
Cien. em Saúde, v.1, n.1, 2011.
SILVA, E. S.
et al. Efeitos do Álcool sobre o estômago. Arq. Apadec., v.4, n.1, jun.
2000.
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