O abuso de
medicamentos de venda com receita médica, em particular os medicamentos que
contém substâncias controladas, vem sendo motivo de preocupação em vários
países. Observa-se, nos dias de hoje, um fenômeno mundial da
expansão de uso de psicotrópicos, de maneira pouco divulgada, mas cada vez mais
alarmante motivada pela medicalização da vida. Esse processo ocorre quando um
problema não-médico começa a ser definido e tratado como uma questão médica,
normalmente por meio de doenças, transtornos e síndromes, a fim de cada vez
mais tentar enquadrar nas exigências contemporâneas (SILVA, 2012).
Os relatos de abuso de metilfenidato
têm se tornado cada vez mais comum com a popularização do Transtorno do Déficit
de Atenção, porque o tratamento pode ser feito com psicólogos e terapias e não
somente com ajuda farmacológica
(SHIRAKAWA, 2013).
O metilfenidato mais conhecido como Metilfenidato é
a substância mais frequentemente utilizada no tratamento do transtorno do déficit
de atenção e hiperatividade, TDAH. Entretanto, devido suas propriedades
psicoestimulantes, tem sido usado para aumento do rendimento intelectual em
diversas áreas de estudo. (SHIRAKAWA, 2013) Sendo assim ficou conhecida entre
os estudantes como a droga dos concursos.
A Metilfenidato é um estimulante do
sistema nervoso central e tem o mesmo mecanismo de ação das anfetaminas e da
cocaína. Ela ativa o sistema de excitação principalmente no córtex pré-frontal,
em regiões límbicas e no estriado. Há, portanto, um aumento da concentração
extracelular de dopamina, por inibir a recaptação dessa catecolamina por meio
de seu respectivo transportador (SILVA, 2012).
A
Metilfenidato é do grupo dos psicoanalépticos, que vem sendo consumido em larga
escala no contexto mundial e também nacional, pesquisas mostram o crescimento
exponencial da produção de metilfenidato no Brasil, nos últimos dez anos. Muitas vezes obtida na compra
ilegal do remédio de fornecedores via internet ou mesmo do acesso através de
amigos (CRUZ, 2011). Só em 2009, foram consumidas no Brasil quase 2
milhões de caixas de metilfenidato, tornando o país o segundo maior
consumidor mundial de Metilfenidato (LINHARES,2012).
Às vezes é utilizado para fins não
médicos e de forma indevida para permanecer em estado de alerta. Como no
aprimoramento cognitivo de pessoas que não apresentam critérios para o
diagnóstico de TDAH. A expressão “Aprimoramento Cognitivo Farmacológico” é
usada para nomear a prática de aprimorar a aprendizagem, atenção e memória em
pessoas saudáveis e normais por meio de medicamentos (SHIRAKAWA, 2012). Assim,
ocorre uma melhora no processo de aprendizagem e o desempenho acadêmico e
profissional.
As ações cotidianas levam a liberação
de dopamina, e assim levam ao prazer, porém por pouco tempo. Contudo, o metilfenidato
aumenta muito esse mediador. Assim, os prazeres da vida não conseguem competir
com essa elevação de dopamina causada pela Metilfenidato. A única coisa que fornecerá
esta sensação de prazer seria outro comprimido de metilfenidato. Esse é o
mecanismo clássico da dependência química. É também como faz a cocaína (CRUZ,
2010). Se consumida em certa dosagem, defende-se que auxiliaria no
desempenho de tarefas escolares e acadêmicas, pois aumentaria a atividade das
funções executivas, aumentando a concentração, além de atuar como atenuador da
fadiga (MOYSES, 2013).
Há aumento no número de pessoas
que fazem uso de medicamento restritos de maneira indevida para
"turbinar" o funcionamento do cérebro, isso ocorre quando as pessoas
acabam lançando mão de qualquer coisa para conseguirem seus objetivos, inclusive
de remédios cujo esforço num primeiro momento parece ser mínimo (CARLINI,2002).
O uso indiscriminado do metilfenidato
se faz, em grande parte, por universitários, empresários e profissionais da
área de saúde. Esses usuários, em geral, têm um conhecimento mais aprofundado
sobre a droga em relação à população (LINHARES, 2012).
Entre
estudantes usuários de metilfenidato não-prescrito, a maior parte usa em
períodos dos estudos acadêmicos de elevado estresse. A realidade do universitário no que
tange ter que estudar um volume maior de matéria e conseguir assimilar muito
conteúdo em pouco tempo, pressionado em relação a provas, datas de provas, e a
situação torna a vida mais aceita a recorrer a esse tipo de medicamento, ou
seja, torna as drogas estimulantes uma saída rápida, porém seus efeitos
benéficos, se existirem, são efêmeros e podem trazer efeitos colaterais
preocupantes, como, no caso da Metilfenidato, insônia, diminuição do
apetite, alucinações, taquicardia e variações bruscas de humor, podendo levar o
indivíduo à dependência de remédios para dormir e levar também à dependência
física e psíquica (CARLINI, 2002).
Além disso, as pessoas que desejam perder peso corporal
utilizam o metilfenidato, indevidamente, em razão do efeito colateral de
diminuição do apetite. Essa e outras falsas indicações podem ser favorecidas
porque esses medicamentos fazem parte da Farmacopeia, brasileira e de outros
países, e, portanto, por serem liberados para uso médico, são erroneamente
interpretados pela população como “mais seguros” que as drogas ilícitas (LINHARES,2012)
O crescimento exponencial do consumo
de metilfenidato nos últimos tempos é alarmante e chama atenção para as
possíveis consequências no futuro. (MOYSES, 2013) As autoridades sanitárias
devem tomar atitudes em relação ao uso indevido ou indiscriminado, não apenas
em crianças medicadas especificamente com essa substância, como também em
outros grupos. De acordo com os aspectos éticos e legais o metilfenidato é
indicado para o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, mas para
esta finalidade esta se tornando mito, deve-se ter em mente que a indústria
farmacêutica tem como prioridade a construção das condições estratégicas sempre
centradas no consumo de um fármaco (LINHARES, 2012).
Isadora Dias Ribeiro Santos - 6º semestre- Farmácia
CRUZ, T. et al. . Uso não-prescrtio de metilfenidato entre
estudantes de medicina da Universidade Federal
da Bahia. Gazeta Médica da Bahia. V.81 . p. 3-6. 2010 . Disponível em:
http://www.gmbahia.ufba.br/index.php/gmbahia/article/view/1148/1082. Acesso em
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SILVIA, A. et al. .A explosão
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SHIRAKAWA,
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LINHARES,M. Estudo da Ritalina sobre o sistema nervoso de animais
jovens e adultos. Dissertação apresentada ao programa de Pós Graduação em
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