A atividade do
cérebro, em todas as suas funções, depende da condução nervosa de suas células
mediadas por uma informação química. Procurando simplificar, as células
nervosas funcionam como um fio, conduzindo o impulso nervoso. Essas células
estão interconectadas e o impulso nervoso salta de uma célula a outra por meio
da liberação de uma substância química, os chamados mediadores. As células nervosas
produzem tipos específicos de mediadores, os quais realizam funções diferentes.
Um medicamento psicoativo é uma substância química capaz de aumentar ou
diminuir a transmissão nervosa e, portanto, aumentar ou diminuir uma função
cerebral.
Muitos são os
mediadores e as suas funções são variadas. A serotonina age de diversos modos
como, por exemplo, no controle do humor. Sua carência pode levar o indivíduo à
depressão. Gaba é outro tipo de mediador e os medicamentos semelhantes a ele
são capazes de diminuir a função nervosa induzindo o sono, diminuindo a
ansiedade ou controlando as convulsões. Assim como esses, outros mediadores
existem. Dois bastante importantes são a norepinefrina e a dopamina,
responsáveis pela atenção, estado de alerta e concentração, entre outras
coisas. Anfetamina e cocaína podem agir de forma semelhante, mas são proibidas
por causar dependência e muitos problemas aos usuários.
Porém, algumas
substâncias têm o efeito semelhante à anfetamina com menos reações adversas e,
desse modo, são liberadas para serem vendidas no mercado farmacêutico. Esses
medicamentos têm indicação terapêutica precisa para crianças com déficit de
atenção e hiperatividade, mas também têm sido usados por estudantes e
executivos para melhorar a atenção e capacidade de aprendizagem. Ou seja, um
desvio do uso indicado.
Esse medicamento
precisa ser prescrito por um médico e sem a receita não se pode vender o
produto na forma da lei. A Anvisa constata que a venda desse medicamento cai
nas férias apontando para uma possível irregularidade. Duas causas são
aventadas: a primeira seria o uso do produto para melhoria artificial da
capacidade de aprendizagem e a segunda para deixar mais obedientes as crianças
naturalmente irrequietas, mas que não apresentam distúrbio psiquiátrico. Em
ambos os casos, o seu uso é condenável. Esse tipo de medicamento pode causar ou
agravar alguns distúrbios psiquiátricos, como depressão, ideação suicida,
hostilidade, ansiedade, agitação, psicose e mania.
Paulo Angelo
Lorandi
*Texto originalmente publicado no Jornal da Orla em 24/08/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário