Com a preocupação dos governos em realizar o planejamento familiar,
amplia-se o acesso da população aos métodos anticonceptivos, sendo necessária a
correta utilização, para proporcionar autonomia à mulher no tocante ao controle
da natalidade, objetivando prevenir gestações indesejadas. Como consequência
positiva, esse procedimento reduziria a busca por práticas abortivas ilegais e
o inevitável prejuízo a saúde derivada desta violência ao organismo, além de
todo o custo financeiro e social ao país. Assim, preservativos e contraceptivos,
entre outros métodos, são disponibilizados gratuitamente em unidades públicas
de saúde.
Os contraceptivos orais compreendem associação de hormônios
sintéticos combinados de estrógenos e progestogênios ou simplesmente de
progestogênios (ideal para lactantes), responsáveis por inibir a ovulação e dificultar
mecanicamente a fecundação do óvulo, por espessamento do muco cervical. É
importante se ressaltar que este método previne somente a gravidez, sendo
obrigatório o uso de preservativos para prevenção de doenças sexualmente
transmissíveis, como AIDS, sífilis, gonorreias, entre outras.
A tomada correta dos contraceptivos orais é diária, com
início do primeiro ao quinto dia do ciclo menstrual. Alguns anticoncepcionais
disponíveis ao público apresentam 28 comprimidos, para se garantir um
tratamento contínuo e ininterrupto, sem chances de esquecimento. Porém,
normalmente, as últimas sete unidades não contêm hormônios, sendo destinadas à
pausa necessária da administração da substância Outras apresentações contêm 21
comprimidos hormonais que devem ser administrados diariamente e então
descontinuados por sete dias, com início posterior de uma nova cartela. A
terapia contraceptiva oral, com ciclos de uso de medicamentos, procura mimetizar
um ciclo menstrual de 28 dias, semelhante ao teórico esperado. Sua eficiência depende
da manutenção dos níveis plasmáticos dos hormônios, e por essa razão é
extremamente importante atentar ao horário de administração do medicamento.
São necessários, no mínimo, sete dias de uso contínuo para se
obter o efeito contraceptivo, razão de a utilização de preservativo ser
necessária nesse período. Se a administração de um comprimido atrasar, deve-se
tomar o tão logo quanto possível e o seguinte no horário habitual, porém, uma
vez ultrapassadas 12 horas de atraso o efeito torna-se reduzido. Muitas
concepções decorrem da irregularidade da tomada do medicamento ou da má
absorção do fármaco devido à êmese ou por deficiências pré-existentes do trato
gastrointestinal (como gastrenterite, colite ulcerativa, doença de Crohn), além
de interações, que reduzem a concentração plasmática dos anticoncepcionais
orais.
Mesmo que observadas as condições ideais de administração de
anticoncepcionais, o uso concomitante de outros fármacos (vide tabela) pode reduzir
a eficácia contraceptiva, possibilitando uma gravidez inesperada. Este
fenômeno seria motivado pela interação por competição entre os fármacos durante
a fase de metabolização. Não obstante a competição pela interação, diversos
estudos demonstram perda da eficácia dos anticoncepcionais orais
combinados quando administrados juntamente a terapia antibiótica, porque a sua
atividade no combate a bactérias infecciosas acaba acometendo também a flora
intestinal, responsável por uma relevante alteração molecular que torna o
hormônio ativo para nova absorção.
Medicamentos que reduzem eficácia
dos anticoncepcionais orais combinados
Antibióticos
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Ampicilina, Amoxicilina, Tetraciclina, Rifampicina.
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Antibióticos antirretrovirais
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Nelfinavir, Lopinavir, Ritonavir.
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Anticonvulsivantes
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Fenobarbital, Carbamazepina, Oxcarbamazepina, Felbamato, Fenitoína,
Topiramato, Vigabatrina.
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Fitoterápico
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Hipérico ou Erva de São João (Hypericum perforatum).
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Fonte:
Revisão bibliográfica.
De um modo geral, os contraceptivos a base de levonorgestrel
são contraindicados em hipersensibilidade a este hormônio, gestação, doença
hepática grave, distúrbios hemodinâmicos, câncer de mama, história de
hipertensão craniana idiopática, algumas doenças ginecológicas, histórico ou
predisposição a gestação ectópica e actimicose genital, para pacientes com múltiplos
parceiros ou condições associadas com o aumento da susceptibilidade a infecções
bacterianas (leucemia, AIDS, etc.). O levonorgestrel deve ser usado com
precaução quando há ciclo menstrual anormal, gravidez ectópica, icterícia,
depressão, uso de lentes de contato, diabetes, retenção de fluidos, doenças autoimunes,
durante terapia anticonvulsivante e anti-hiperlipidêmica.
SUZANA SILVA DE OLIVEIRA - 10º semestre do curso de Farmácia da UniSantos
Referências:
AMADO, L. R.; CARNIEL, T. Z.; RESTINI, C. B.
A.. Interações medicamentosas de anticoncepcionais
com antimicrobianos e álcool relacionando à prática de automedicação.
Goiânia: Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, vol. 7, n. 13. 2011
Pág. 1451-65.
ANVISA. O que devemos saber sobre medicamentos. Brasília:
2010.
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA (CFF). Centro Brasileiro de
Informação sobre Medicamentos (Cebrim). Nota Técnica Cebrim/CFF Nº 03/2009. Uso
Racional de Contracepção Hormonal de Emergência. Brasília: CFF, 2009.
FERREIRA, J. C. L.. Planejamento familiar na unidade básica
de saúde de Queimadas, Horizonte (CE): proposta de uma nova estratégia de
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à Escola de Saúde Pública do Ceará, como parte dos requisitos para a conclusão
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Contraceptivos Hormonais Orais. Brasília: MS, n. 10, pág. 1-16, 2011.
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