quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Tratamento medicamentoso da esquizofrenia

A esquizofrenia é um distúrbio psiquiátrico grave com prevalência de 0,11-1% da população ao redor do mundo. É caracterizada por dois grupos de sintomas: positivos e negativos. Os sintomas positivos incluem alucinação, ilusão e distorção da realidade. Já os negativos se manifestam como isolamento social, acompanhado de diminuição da sensibilidade afetiva e diminuição da atenção.

São utilizados fármacos antipsicóticos, chamados também de neurolépticos, que têm como mecanismo de ação o bloqueio dos receptores dopaminérgicos centrais. Este bloqueio diminui a disponibilidade de dopamina, com consequente diminuição dos sintomas. São classificados em típicos e atípicos. Os neurolépticos típicos estão representados pelo haloperidol, clorpromazina, flufenazina, tioridazina, flupentixol e loxapina, e os atípicos, pela clozapina, quetiapina, risperidona, olanzapina, supiride e sertindol.

Os neurônios dopaminérgicos estão presentes no sistema nervoso central (SNC), em lugares diferentes, que controlam ações diferentes. Através da liberação de dopamina, um mediador químico (nestas regiões o organismo controla as funções de sono e vigília) é responsável pela elaboração das reações emocionais e comportamento de punição e recompensa; ligado à linguagem, ao pensamento abstrato e às funções motoras, associativas e visuais; relacionado ao controle central do movimento.

Os neurolépticos bloqueiam os receptores dopaminérgicos em todo o SNC. Consequentemente, aparecem efeitos colaterais mais expressivos. Sendo estes os distúrbios motores como acatisia, síndrome parkinsoniana e a longo prazo pode levar a discinesia tardia. Outros efeitos adversos também de origem central são os que afetam o sistema neuroendócrino causando ginecomastia, galactorréia e amenorreia. 

A síndrome de Parkinson caracteriza-se por lentidão dos movimentos (bradicinesia), tremor variável das extremidades (aumenta com a movimentação e está abolido no sono), imobilidade da expressão facial, alteração da marcha e postura rígida. A acatisia refere-se ao estado de desconforto intenso nos membros inferiores, acompanhado de incapacidade de ficar com as pernas paradas. Já a discinesia tardia é caracterizada por movimentos estereotipados involuntários, principalmente da face, como sucção com os lábios, movimentos laterais da mandíbula e movimentos anormais da língua. A incidência desses efeitos é bastante elevada nos medicamentos típicos, chegando a 90% em alguns estudos.

O aspecto comum aos neurolépticos considerados atípicos é a capacidade de promover a ação antipsicótica em doses que não produzam, de modo significativo, os efeitos colaterais mais expressivos dos típicos. Em relação à eficácia, as duas classes apresentam índices semelhantes, não sendo justificado o uso de atípicos por conta de ação mais acentuada. A grande vantagem desta classe é a diminuição dos efeitos adversos, que em muitos casos são responsáveis pela baixa adesão ao tratamento. Porém eles tendem a ser mais caros.

Infelizmente, o tratamento medicamentoso não faz mais que atenuar a intensidade das manifestações psicóticas, sendo incapazes de curar o paciente. É importante ressaltar que o tratamento envolve uma equipe multidisciplinar. O tratamento psicossocial, com acompanhamento do doente e de sua família é de extrema importância.

Marina Maria de Oliveira - 10º semestre do curso de Farmácia

Referências:

OLIVEIRA, Irismar R. Antipsicóticos atípicos: farmacologia e uso clínico. Rev. Bras. Psiquiatr.,,  v.22, supl.1, p.38-40, 2000 .

FREDERICO, W.A. et al. Efeitos extrapiramidais como consequência de tratamento com neurolépticos. Einstein., v.6, n.1, 2008.


Neto, A.G.A.A. et al. Fisiopatologia da esquizofrenia: aspectos atuais. Rev. Psiq. Clín. v.34, p.198-203, 2007.

Nenhum comentário:

Postar um comentário