A esquizofrenia é um distúrbio
psiquiátrico grave com prevalência de 0,11-1% da população ao redor do mundo. É
caracterizada por dois grupos de sintomas: positivos e negativos. Os sintomas
positivos incluem alucinação, ilusão e distorção da realidade. Já os negativos se
manifestam como isolamento social, acompanhado de diminuição da sensibilidade
afetiva e diminuição da atenção.
São utilizados fármacos antipsicóticos,
chamados também de neurolépticos, que têm como mecanismo de ação o bloqueio dos
receptores dopaminérgicos centrais. Este bloqueio diminui a disponibilidade de
dopamina, com consequente diminuição dos sintomas. São classificados em típicos
e atípicos. Os neurolépticos típicos estão representados pelo haloperidol,
clorpromazina, flufenazina, tioridazina, flupentixol e loxapina, e os atípicos,
pela clozapina, quetiapina, risperidona, olanzapina, supiride e sertindol.
Os neurônios dopaminérgicos estão
presentes no sistema nervoso central (SNC), em lugares diferentes, que
controlam ações diferentes. Através da liberação de dopamina, um mediador
químico (nestas regiões o organismo controla as funções de sono e vigília) é
responsável pela elaboração das reações emocionais e comportamento de punição e
recompensa; ligado à linguagem, ao pensamento abstrato e às funções motoras,
associativas e visuais; relacionado ao controle central do movimento.
Os neurolépticos bloqueiam os
receptores dopaminérgicos em todo o SNC. Consequentemente, aparecem efeitos
colaterais mais expressivos. Sendo estes os distúrbios motores como acatisia, síndrome
parkinsoniana e a longo prazo pode levar a discinesia tardia. Outros efeitos
adversos também de origem central são os que afetam o sistema neuroendócrino
causando ginecomastia, galactorréia e amenorreia.
A síndrome de Parkinson
caracteriza-se por lentidão dos movimentos (bradicinesia), tremor variável das
extremidades (aumenta com a movimentação e está abolido no sono), imobilidade
da expressão facial, alteração da marcha e postura rígida. A acatisia refere-se
ao estado de desconforto intenso nos membros inferiores, acompanhado de
incapacidade de ficar com as pernas paradas. Já a discinesia tardia é
caracterizada por movimentos estereotipados involuntários, principalmente da
face, como sucção com os lábios, movimentos laterais da mandíbula e movimentos
anormais da língua. A incidência desses efeitos é bastante elevada nos medicamentos
típicos, chegando a 90% em alguns estudos.
O aspecto comum aos neurolépticos
considerados atípicos é a capacidade de promover a ação antipsicótica em doses
que não produzam, de modo significativo, os efeitos colaterais mais expressivos
dos típicos. Em relação à eficácia, as duas classes apresentam índices semelhantes,
não sendo justificado o uso de atípicos por conta de ação mais acentuada. A
grande vantagem desta classe é a diminuição dos efeitos adversos, que em muitos
casos são responsáveis pela baixa adesão ao tratamento. Porém eles tendem a ser
mais caros.
Infelizmente, o tratamento
medicamentoso não faz mais que atenuar a intensidade das manifestações
psicóticas, sendo incapazes de curar o paciente. É importante ressaltar que o
tratamento envolve uma equipe multidisciplinar. O tratamento psicossocial, com acompanhamento
do doente e de sua família é de extrema importância.
Marina Maria de Oliveira - 10º semestre do curso de Farmácia
Referências:
OLIVEIRA, Irismar R.
Antipsicóticos atípicos: farmacologia e uso clínico. Rev. Bras. Psiquiatr.,, v.22, supl.1, p.38-40, 2000 .
FREDERICO, W.A. et al. Efeitos
extrapiramidais como consequência de tratamento com neurolépticos. Einstein.,
v.6, n.1, 2008.
Neto, A.G.A.A. et al.
Fisiopatologia da esquizofrenia: aspectos atuais. Rev. Psiq. Clín. v.34, p.198-203,
2007.
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