quarta-feira, 25 de maio de 2016

Dignidade da morte: entre a ciência e a fé

     
Quando o foco é a discussão sobre doenças terminais, será que é possível relacionar a ciência e a fé? Para debater essa questão, a 9ª edição da série Diálogos do CIM promoveu na segunda-feira (23), no Campus Dom Idílio José Soares, a palestra Dignidade da morte: entre a ciência e a fé. No centro da discussão estiveram em pauta os cuidados paliativos e a vivência do processo de luto. Abordado por professoras que ministram aulas na Universidade Católica de Santos (UniSantos), a temática teve como perspectiva as áreas de farmácia, filosofia/teologia e psicologia.

“Por que será que a gente tem dificuldade de lidar com a ideia da morte?” A questão foi colocada pela professora Mariza Galvão, filósofa e mestre em Ciências da Religião. Ela explicou que as gerações foram rompendo com várias tradições, entre elas, a de tratar o paciente junto da família. “A pós-modernidade pega o enfermo, tira do centro familiar e coloca em um hospital. Assim, as pessoas se distanciam daquela dor do enfermo”. Para ela, esse distanciamento contribui para que o processo do luto seja visto de forma traumática.

    
A professora Mariza falou sobre
a dificuldade de lidar com a morte

Você já ouviu dizer que a fé move montanhas? Não leve ao pé da letra, pois isso é uma metáfora. De todo modo, segundo a professora, a fé e a religião, juntamente às orações, têm papel fundamental nos casos de doenças terminais. “O medicamento age para minimizar a dor física, mas a dor existencial, quem diminui é a fé”.




    
A professora Flávia ressaltou que é
preciso expressar os sentimentos
Psicóloga, a professora mestre Flávia Henriques falou sobre o enfrentamento da morte na perspectiva não só do doente terminal, como também da própria família, e explicou que as pessoas que convivem com esse enfermo precisam de atendimento psicológico para aprender a lidar com a situação. Ela disse ainda que é fundamental expressar os sentimentos. Chorar, por exemplo, pode ser um remédio eficaz para aliviar a dor. “O luto é um processo que tem que ser vivenciado. As pessoas precisam de espaços para dizerem o que sentem”.


A abordagem farmacêutica ficou por conta da professora mestre Carla Lanza Belmonte, que falou sobre os cuidados paliativos em meio aos casos de pacientes com doenças terminais, em especifico, o uso da morfina. Segundo a professora, dependendo da intensidade, só será possível prover bem-estar ao paciente se a causa da dor for anulada no Sistema Nervoso Central (SNC), e quem faz isso é a morfina.

Carla ressaltou que pacientes nessas condições precisam ser tratados por equipes interdisciplinares, como enfermeiros, nutricionistas e psicólogos. Outra questão colocada foi a importância de respeitar a decisão do paciente. “É preciso deixar tudo claro para que ele decida se quer ou não ser tratado”.

PARTICIPANTES – O evento contou com a presença de estudantes de diferentes áreas. Thayná Quinto Santos Souza, aluna do 3º semestre do curso de Psicologia da UniSantos, disse que resolveu participar da palestra porque tem curiosidade sobre os aspectos que envolvem a morte. “É bom entender tudo o que envolve e faz parte da vida do ser humano. Não só pela profissão, mas como um conhecimento pessoal também”.

Alexandre Diogo Gonçalves é médico psiquiatra e faz parte do 1º semestre do curso de Filosofia da UniSantos. Ele contou que se interessou pela palestra porque o tema tratado faz parte da área em que atua, e ressaltou a importância da discussão, que trouxe à tona um assunto pouco falado. “Eu acho que tudo o que é tabu tem que ser divulgado e conversado”.

Bruna Santos, do 1º semestre do curso de Enfermagem da UniSantos, falou sobre a importância do evento em transmitir conhecimento. “Tem pessoas que às vezes não conhecem o assunto e acabam saindo com um pensamento diferente, com a ideia de pesquisar mais e buscar mais informações sobre aquilo”. Para Carlos Guilherme Teixeira Curi, do 3º semestre do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, a palestra representou uma oportunidade de conhecer o assunto através de perspectivas diferentes das que têm no dia a dia.

DIÁLOGOS DO CIM – A série tem como objetivo discutir questões voltadas a temas de interesse público. Os eventos são promovidos pelo Centro de Informação sobre Medicamentos, do curso de Farmácia da UniSantos, e abertos para toda a comunidade. Sugestões de temas podem ser enviadas para a página no Facebook Cim UniSantos ou para o e-mail cim@unisantos.br.

Liliane Souza - 5º semestre do curso de Jornalismo
Fotos: Departamento de Imprensa UniSantos

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