A
dor de garganta é muito comum em nossas vidas e pode ter várias causas, sendo algumas
delas infecciosas. A infecção por vírus ou por bactérias exige tratamentos
diferentes. A infecção por vírus é responsável por mais de 90% dos casos em
adultos e de 80% em crianças, sendo, então, contraindicado o uso de
antibióticos. Na infecção viral, a cura é espontânea em cerca de uma semana e
não deixa nenhuma sequela.
Por
outro lado, há grande receio quando a infecção é por alguns tipos de bactérias,
pois podem ocasionar problemas como a febre reumática. Nesse caso, pode haver
complicações articulares e cardíacas. Quando a causa da faringite for
efetivamente por um tipo de bactéria, o uso de antibióticos é fortemente
recomendado, mesmo que a doença seja autolimitada, ou seja, a cura se dê de
forma espontânea. O uso de antibiótico efetivamente diminui o risco de febre
reumática e as complicações cardíacas.
Esse
receio da infecção bacteriana pode induzir o uso excessivo e desnecessário de
antibióticos. E o pior é que alguns estudos mostram o quanto é difícil, utilizando-se
apenas dos sintomas, realizar um diagnóstico diferencial da causa da dor de
garganta, se por vírus ou bactéria. Para melhor direcionar o tratamento, existe,
no mercado, um teste diagnóstico que rapidamente define se a infecção é por
bactérias. Se fosse mais usado, haveria a redução do uso inadequado de
antibiótico.
A
importância desse teste cresce com as conclusões de um estudo que revisou todas
as publicações científicas produzidas desde 1945 sobre o uso de antibióticos em
dor de garganta. E concluiu que os benefícios absolutos do uso desses
medicamentos são pequenos, não justificando o seu uso generalizado. A decisão
médica pelo uso do antibiótico deve ser de forma específica, analisando-se
individualmente o caso.
Esse
estudo foi divulgado por uma organização internacional, com unidades em
diversos países, que desenvolve essas revisões e está baseado em evidências
científicas consideradas fortes porque relaciona respostas numerosas. O estudo
em questão envolveu 12.835 casos derivados de 61 estudos diferentes. A leitura
dos trabalhos é feito de forma sistematizada, utilizando-se técnicas
apropriadas, dando ao resultado final maior evidência do quando se apropria dos
trabalhos de forma individualizada. Dependendo da técnica usada, os estudos são
chamados de Revisão Sistemática ou de Metanálise. Esse tipo de estudo assume
cada vez maior importância, cooperando a decisão médica.
Prof.
Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP
(1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos
(1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor
titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.
* Publicado originalmente no Jornal da Orla
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