Toda e qualquer ação que se refere ao medicamento deve ser cautelosa e
cheia de atenção, porque o erro poderá ser fatal. Mesmo os profissionais mais
experientes estão sujeitos ao deslize. Uma das causas que pode provocar erros
são os nomes dos medicamentos, por serem difíceis de entender, escrever e ler.
Infelizmente, erros acontecem na prescrição, na dispensação e no próprio uso
dos medicamentos.
Para se evitar problemas, existe um registro oficial de nomes de
substâncias usadas como medicamentos. A Denominação Comum Brasileira é a forma
correta de se escrever em português uma substância medicamentosa. Ela é
derivada de outra lista oficial, a Denominação Comum Internacional ou International
Nonproprietary Names, elaborada pela Organização Mundial da Saúde. A DCB traz
para a grafia e fonética em português os nomes das substâncias medicamentosas
escritas internacionalmente em inglês. Assim, simvastatin (INN) será
corretamente escrito em português como sinvastatina.
Além da dificuldade natural de seus nomes, algumas vezes os nomes dos
medicamentos são usados abreviados. AZT é uma denominação oficial da
zidovudina, medicamento antirretroviral indicado para a infecção por HIV.
Assim, essa denominação nunca deveria ser usada para aztreonam ou azatioprina
ou azitromicina, erros que já ocorreram, segundo algumas pesquisas. Mas a
grande confusão pode acontecer com nomes parecidos.
Alguns exemplos: haloperidol e alopurinol; prednisona e prednisolona;
aminofilina e amoxicilina; clorpromazina, clomipramina e clorpropamida. Quanto
ao primeiro caso, haloperidol e alopurinol são dois medicamentos com usos bem
distintos. Haloperidol é medicamento de ação no sistema nervoso central,
utilizado em casos de esquizofrenia, manias e estados impulsivos e violentos. O
alopurinol é usado no controle da gota, diminuindo a formação de ácido úrico.
No segundo caso, prednisona e prednisolona, ambos os medicamentos são
anti-inflamatórios. Sendo que o primeiro é transformado no segundo pelo fígado.
Portanto, ambos têm as mesmas indicações e posologias. Quem tem disfunção
hepática deve fazer uso de prednisolona, pois não precisa do fígado para
torná-la ativa. A decisão por um ou pelo outro será do médico e não do farmacêutico
ou da farmácia.
Aminofilina é um broncodilatador usado em asma e amoxicilina é um
antibiótico, em princípio, contraindicado aos portadores de asma. Quanto aos
três últimos, a confusão é grande. Enquanto a clorpromazina pode ser prescrita
em quadros psiquiátricos agudos, clomipramina tem ação antidepressiva e
clorpropamida é um antidiabético. E os nomes comerciais também provocam muitas
confusões. Ou talvez até mais.
Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.
(*) Publicado originalmente pelo Jornal da Orla
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