segunda-feira, 28 de março de 2016

Como os medicamentos podem afetar o estômago

Alguns medicamentos são famosos por ‘atacarem’ o estômago simplesmente por estarem ali. O medicamento, principalmente na forma de cápsulas e comprimidos, é algo estranho que o estômago tende a dissolver para que possa ser absorvido. Os antibióticos e anti-inflamatórios, principalmente, podem causar desconforto gástrico de diferentes maneiras.

A automedicação com anti-inflamatórios já foi associada, em diversos estudos, como uma das principais causas de úlceras e gastrites. Isso acontece porque, para alívio da dor, os anti-inflamatórios bloqueiam a ação de uma enzima chamada cicloxigenase. Essa enzima é responsável pela produção de prostaglandinas, substâncias presentes em processos inflamatórios, associadas a dor. Entretanto, as prostaglandinas, no estômago, são responsáveis pela produção de um muco protetor. Esse muco impede que a secreção gástrica lesione as paredes estomacais. Sendo assim, o estômago fica desprotegido, estando mais vulnerável a ação dos ácidos presentes, os quais poderão levar a gastrite e úlcera.

Medidas comumente utilizadas para aliviar esse desconforto gástrico são ingerir o antibiótico junto a leite ou refeições, ou ainda fazer uso de antiácidos. Nenhuma dessas alternativas são adequadas, pois podem comprometer a eficácia do tratamento. Uma opção que é prevista em alguns protocolos de tratamento é a associação do antibiótico com algum inibidor da bomba de prótons, também chamado de protetor gástrico (como o omeprazol), que irá diminuir um fator agressor (secreção ácida), sem retirar a proteção natural do estômago. Essa associação é muito comum no tratamento de infecção por Helicobacterpylori. Realizar ou não essa associação é uma decisão médica.

Existem formulações no mercado nas quais há a associação de anti-inflamatório e antiácido, a fim de reduzir os efeitos gástricos. Porém, essa associação irá aliviar o desconforto gástrico apenas no período de administração e a diminuição da produção do muco protetor acontecerá da mesma maneira. Em vista disso, esse tipo de associação não corresponde a proposta de diminuir significativamente as alterações gástricas.

Thaís Damin Lima – 7º semestre do curso de Farmácia

Referências:

The University of Chicago Medicine: Medications ans the Digestive System

ANGELIS, B.S. Avaliação da automedicação e da farmacoterapia dos participantes da XVII SAFE. RevCiêncFarm Básica Apl, v.36 Supl. 1 Agosto 2015.

OHANA, Jorge Alberto Langbeck. Gastrites (dispepsias): sugestões de como abordar o tema com pacientes fazendo-os entender o problema e buscarem soluções. ABCD, arq. bras. cir. dig.,  São Paulo ,  v. 26, n. 4, p. 344, Dec.  2013. 

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