sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Apoio psicológico ajuda mulheres a superarem o câncer de mama

Segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), o câncer de mama representa, anualmente, 28% dos casos novos entre as mulheres. Além das alterações no organismo, a doença impacta no psicológico e na autoestima. E o apoio de um psicólogo, para ajudar a conviver com a patologia, torna-se um aliado no tratamento.

Formada em Psicologia pela UniSantos em 2016, Joanna Bittencourt Zwarg dos Santos pesquisou, como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), sobre as consequências emocionais do câncer de mama na vida das mulheres e a importância de um suporte psicológico. A vontade de pesquisar sobre o tema surgiu após um estágio realizado em um hospital de Santos, em 2015. Na ocasião, conheceu várias mulheres com câncer de mama, muitas sem um acompanhamento psicológico.

Segundo Joanna, durante o tratamento de câncer de mama é essencial que as pacientes busquem também a ajuda de um psicólogo, o qual deve acompanhá-las desde o momento do recebimento do diagnóstico. O profissional ajuda a enfrentar o tratamento, lidando com o impacto da notícia e a angústia de pensar no que poderá acontecer. “Para que ela veja que aquela doença não é o fim da vida. É uma nova etapa”, ressalta
.
O apoio torna-se fundamental também devido as alterações na imagem corporal dessa mulher, como queda de cabelo e a mastectomia. A psicóloga explica que isso ocasiona uma mudança na identidade feminina, interferindo na maneira como se sente e na sua sensualidade. Joanna destaca que a retirada das mamas, em princípio, pode fazer com que tenha a sensação de ter deixado de ser mulher, visto que é um aspecto físico que carrega um simbolismo – tanto da maternidade como da feminilidade.

AUTOESTIMA - E o papel do psicólogo será justamente esse: mostrar que, embora não tenha a mesma aparência de antes, continua sendo a mulher que sempre foi. A autoestima é bastante trabalhada durante o acompanhamento, para que a paciente possa se aceitar. Joanna afirma que é importante o apoio de familiares e amigos, que ressaltem tudo que ela tem capacidade de fazer e os aspectos positivos que permaneceram. “Ela deve achar bonita independente de qualquer alteração no corpo dela e se sentir bem consigo mesma. Porque vai muito além da autoimagem”, destaca.

Para Joanna, a falta de apoio psicológico interfere no tratamento, uma vez que a mulher pode ficar abalada psicologicamente, ocasionando depressão ou muita dificuldade em entender o diagnóstico. E isso pode atrapalhar a recuperação. “É um diagnóstico difícil de aceitar e muitas mulheres têm resistência em iniciar o tratamento. E o suporte psicológico pode ajudar a adesão a esse tratamento”, defende.

A psicóloga destaca que a família também deve receber esse apoio, para que esteja forte e possa dar suporte à paciente. Para Joanna, é muito importante reforçar esses vínculos afetivos. Inclusive com o parceiro, uma vez que, para algumas, é difícil continuar se sentindo feminina e ter desejo pelo parceiro, pois sentem vergonha de si mesmas e medo de decepcioná-los. “A família e o psicólogo podem estar ali, mostrando para ela que não precisa ter o cabelo para ser bonita ou ter os seios como eram antes para que a aceitem”. 

Por Victória Meschini - 8º semestre do curso de Jornalismo 

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