O
câncer é uma doença que provoca medo por sua associação com a morte, seja ela
real ou não. De outro modo, essa condição estimula um sentimento inverso, o da
esperança de surgir a cura e de vitória sobre um inimigo cruel. Quando a doença
atinge a pessoa ou um ente querido causa uma fragilidade emocional que permite espaço
para decisões nem sempre racionais. Nesses tempos de internet, nem sempre as
informações que circulam são cientificamente comprovadas ou derivadas do bom senso.
Apesar
de tratarmos o câncer pelo singular, na realidade, há mais de cem tipos
diferentes da doença, com características próprias de evolução e incidência. E
mesmo um câncer específico comporta-se diferentemente dependendo da fase da
doença. Tudo começa em uma única célula, quando esta tem a sua estrutura
genética alterada por um vírus, radiação ou substância química, perdendo o
controle no ritmo de divisão. Multiplicando-se em velocidade aumentada e
resultando na desorganização do tecido.
Essa
multiplicação celular desenfreada invade outros tecidos, penetrando em todas as
camadas do órgão, comprometendo suas funções. Na progressão, células
cancerígenas se desgarram do tumor inicial, vagam pela circulação linfática e
sanguínea, instalando-se em outros tecidos/ órgãos. Esse estágio, de maior
gravidade, é denominado metástase. As chances de cura são maiores quanto mais precoce
é o diagnóstico da condição do câncer.
O
câncer é considerado uma doença gerada pelo ambiente. Hábitos alimentares, o
uso do tabaco, bebidas alcoólicas em excesso, poluição, radiação ambiente e
vírus são os principais fatores desencadeadores. Assim, a prevenção é uma forma
importante para redução da incidência. Já o envelhecimento da população aumenta
o número dos casos.
Quanto
mais velho o organismo, menor a capacidade de defesa e maior foi o tempo de
exposição aos fatores desencadeantes. Como terapêutica, é possível cirurgia, radioterapia
ou medicamentos. Para essa última, muitas substâncias estão sendo lançadas no
mercado, principalmente na tentativa de reduzir as reações adversas, que são
muitas intensas.
Para
ser lançado como medicamento, uma substância tem de ser bastante testada.
Alguns resultados positivos não o habilitam a ser liberado. Pesquisas sérias e
bem estruturadas são necessárias para garantir o uso seguro em condições bem
estabelecidas. Cada tipo de câncer comporta-se diferentemente, assim como cada
estágio da doença exige uma ação coerente. Nesse contexto, as informações que
estão sendo veiculadas sobre o efeito terapêutico da fosfoetanolamina contra
o câncer precisam ser vistas com muitas reservas.
A substância não tem registro de pesquisa na
Anvisa, primeiro passo para se consolidar o seu uso a partir dos resultados
conseguidos. A própria USP, local onde a substância estava sendo distribuídas
não tinha conhecimento desse fato. E quando se investiga sobre a substância nos
meios acadêmicos, poucos resultados são encontrados, com pouco vínculo de
estudos sobre seu uso contra o câncer. Pode ser uma boa estratégia? Não
sabemos, porque as pesquisas não existem ou não são divulgadas. A despeito do
desespero e das incertezas que a doença possa trazer, precisamos agir com
cautela e técnica.
Se
ainda tiver dúvidas, encaminhe-as para o Centro de Informações sobre Medicamentos
(CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail
cim@unisantos.br ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias,
300, 11015-002.
Prof.
Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP
(1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos
(1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor
titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.
*Publicado originalmente pelo Jornal da Orla
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