segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Mudança de hábitos ajuda a prevenir o infarto

De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 300 mil pessoas sofrem infartos todos os anos no Brasil. Dos casos, 30% tornam-se fatais. A demora em identificar e tratar adequadamente os pacientes aumenta as chances de sequelas. A prevenção através da mudança de hábitos que prejudicam a saúde, como má alimentação e sedentarismo, torna-se uma aliada para reduzir os índices.  

A cardiologista Juliana Filgueiras Medeiros explica que os fatores de risco são categorizados em modificáveis e não modificáveis, como idade acima dos 65 anos. Já entre os que podem ser modificados estão o estresse, sedentarismo, tabagismo, obesidade, consumo de drogas ilícitas, diabetes, dieta inadequada – consumo em excesso de gorduras saturadas e sal –, alcoolismo, colesterol LDL alto e hipertensão. No caso das mulheres, a menopausa torna-se um fator de risco, visto que ocasiona a perda da proteção dos vasos sanguíneos. 

Na hora de identificar o infarto é preciso estar atento aos sinais. Juliana conta que o principal sintoma é a dor torácica: um aperto no peito que pode irradiar para o braço e região do pescoço. Outros sintomas como sudorese, ânsia de vômito e dispneia (canseira) – inclusive nos mínimos esforços – são comuns. Em mulheres, idosos e diabéticos, podem existir sintomas sem ser a dor no peito. Segundo a médica, nesses casos o diagnóstico torna-se um pouco mais difícil. “Se chega um paciente com dor no peito é muito mais fácil pedir um eletrocardiograma do que a canseira”, explica. Especialmente porque quem atende as emergências, incialmente, não é o cardiologista, mas sim o clínico geral.

Porém, a cardiologista destaca que o mais prevalente é a dor no peito; sintomas inespecíficos (fadiga, sintomas de mal estar) não são os mais comuns. Ela explica que os indícios podem vir súbita ou gradualmente, dependendo do tipo de infarto. O agudo, em que há fechamento total da coronária, ocorre de repente, sendo necessário um tratamento agressivo. Já nos casos de oclusão parcial, há, primeiramente, dor durante esforço físico, a qual, posteriormente, passa a ocorrer também no repouso.

TRATAMENTO - Para tratar o infarto, é essencial agir rápida e adequadamente. A cardiologista diz que o ideal é dar o diagnóstico e fazer o exame eletrocardiograma nos primeiros 10 minutos. Com a obstrução dos vasos sanguíneos, ocorre uma insuficiência de sangue e oxigênio no coração. Portanto, a coronária (vaso que chega ao coração) deve ser desobstruída o mais rápido possível – preferencialmente nos primeiros 90 minutos –, sendo por remédios trombolíticos ou com a anglioplastia (procedimento cirúrgico para abrir o vaso sanguíneo). Juliana esclarece que a abertura da coronária em até 90 minutos reduz as consequências, como a dilatação do coração, a qual pode gerar arritmias e parada cardíaca. Essa rapidez de tratamento resulta numa recuperação mais fácil.  

Juliana destaca que, após o infarto, é possível retomar a qualidade de vida. Na média, o paciente leva de 4 a 6 semanas para se recuperar. Na Unidade de Terapia Intensiva, fica pelo menos cinco dias. A cardiologista explica que o ideal é todos os infartados irem para a UTI, mas a realidade hospitalar não permite. Se o paciente tiver condições, pode praticar exercícios, ter relações sexuais após o quinto dia e dirigir a partir de duas semanas. “Mas tudo vai depender do grau de sequela e do tipo de infarto”, alerta. Independente do caso, a médica destaca que o importante é a reabilitação cardíaca com fisioterapeuta, tomar os remédios corretamente, ter uma vida mais saudável e controlar os fatores de risco.

PREVENÇÃO - A prevenção do infarto é, principalmente, mudanças de hábitos de vida. É o que defende a cardiologista. Parar de fumar, fazer atividades físicas por pelo menos 30 minutos três vezes ao dia, evitar vícios (álcool e drogas), ter um alimentação balanceada e tratar hipertensão, diabetes e colesterol. A partir dos 30 anos o ideal é fazer uma avaliação cardiológica: eletrocardiograma, ecocardiograma a cada três anos e exames de sangue. Juliana ressalta que é importante também estar atento ao histórico familiar de infarto precoce e aos fatores de risco, o que pode justificar uma ida antecipada ao cardiologista.

A médica acredita que o novo perfil do brasileiro impacta também nos índices de infarto. Hoje, segundo ela, há pacientes jovens infartando, em decorrência da má alimentação e do sedentarismo, visto que o infarto mais comum é o entupimento por placa de gordura no vaso sanguíneo. Além disso, a mudança do próprio idoso que, ao envelhecer mais tardiamente e continuar a rotina de trabalho, permanece estressado.


Por Victória Meschini – 8º semestre do curso de Jornalismo 

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