De acordo com o Ministério
da Saúde, cerca de 300 mil pessoas sofrem infartos todos os anos no Brasil. Dos
casos, 30% tornam-se fatais. A demora em identificar e tratar adequadamente os
pacientes aumenta as chances de sequelas. A prevenção através da mudança de
hábitos que prejudicam a saúde, como má alimentação e sedentarismo, torna-se
uma aliada para reduzir os índices.
A cardiologista Juliana Filgueiras Medeiros explica que os fatores de
risco são categorizados em modificáveis e não modificáveis, como idade acima
dos 65 anos. Já entre os que podem ser modificados estão o estresse,
sedentarismo, tabagismo, obesidade, consumo de drogas ilícitas, diabetes, dieta
inadequada – consumo em excesso de gorduras saturadas e sal –, alcoolismo,
colesterol LDL alto e hipertensão. No caso das mulheres, a menopausa torna-se
um fator de risco, visto que ocasiona a perda da proteção dos vasos sanguíneos.
Na hora de identificar o infarto é preciso estar atento aos sinais.
Juliana conta que o principal sintoma é a dor torácica: um aperto no peito que
pode irradiar para o braço e região do pescoço. Outros sintomas como sudorese,
ânsia de vômito e dispneia (canseira) – inclusive nos mínimos esforços – são
comuns. Em mulheres, idosos e diabéticos, podem existir sintomas sem ser a dor
no peito. Segundo a médica, nesses casos o diagnóstico torna-se um pouco mais
difícil. “Se chega um paciente com dor no peito é muito mais fácil pedir um
eletrocardiograma do que a canseira”, explica. Especialmente porque quem atende
as emergências, incialmente, não é o cardiologista, mas sim o clínico geral.
Porém, a cardiologista destaca que o mais prevalente é a dor no peito; sintomas
inespecíficos (fadiga, sintomas de mal estar) não são os mais comuns. Ela
explica que os indícios podem vir súbita ou gradualmente, dependendo do tipo de
infarto. O agudo, em que há fechamento total da coronária, ocorre de repente,
sendo necessário um tratamento agressivo. Já nos casos de oclusão parcial, há, primeiramente,
dor durante esforço físico, a qual, posteriormente, passa a ocorrer também no
repouso.
TRATAMENTO - Para tratar o infarto, é essencial agir
rápida e adequadamente. A cardiologista diz que o ideal é dar o diagnóstico e
fazer o exame eletrocardiograma nos primeiros 10 minutos. Com a obstrução dos
vasos sanguíneos, ocorre uma insuficiência de sangue e oxigênio no coração.
Portanto, a coronária (vaso que chega ao coração) deve ser desobstruída o mais
rápido possível – preferencialmente nos primeiros 90 minutos –, sendo por
remédios trombolíticos ou com a anglioplastia (procedimento cirúrgico para
abrir o vaso sanguíneo). Juliana esclarece que a abertura da coronária em até
90 minutos reduz as consequências, como a dilatação do coração, a qual pode
gerar arritmias e parada cardíaca. Essa rapidez de tratamento resulta numa
recuperação mais fácil.
Juliana destaca que, após o infarto, é possível retomar a qualidade de
vida. Na média, o paciente leva de 4 a 6 semanas para se recuperar. Na Unidade
de Terapia Intensiva, fica pelo menos cinco dias. A cardiologista explica que o
ideal é todos os infartados irem para a UTI, mas a realidade hospitalar não
permite. Se o paciente tiver condições, pode praticar exercícios, ter relações
sexuais após o quinto dia e dirigir a partir de duas semanas. “Mas tudo vai
depender do grau de sequela e do tipo de infarto”, alerta. Independente do
caso, a médica destaca que o importante é a reabilitação cardíaca com
fisioterapeuta, tomar os remédios corretamente, ter uma vida mais saudável e
controlar os fatores de risco.
PREVENÇÃO - A prevenção do infarto é, principalmente, mudanças de hábitos de
vida. É o que defende a cardiologista. Parar de fumar, fazer atividades físicas
por pelo menos 30 minutos três vezes ao dia, evitar vícios (álcool e drogas), ter
um alimentação balanceada e tratar hipertensão, diabetes e colesterol. A partir
dos 30 anos o ideal é fazer uma avaliação cardiológica: eletrocardiograma, ecocardiograma
a cada três anos e exames de sangue. Juliana ressalta que é importante também
estar atento ao histórico familiar de infarto precoce e aos fatores de risco, o
que pode justificar uma ida antecipada ao cardiologista.
A médica acredita que o novo perfil do brasileiro impacta também nos
índices de infarto. Hoje, segundo ela, há pacientes jovens infartando, em
decorrência da má alimentação e do sedentarismo, visto que o infarto mais comum
é o entupimento por placa de gordura no vaso sanguíneo. Além disso, a mudança
do próprio idoso que, ao envelhecer mais tardiamente e continuar a rotina de
trabalho, permanece estressado.
Por Victória Meschini – 8º semestre do curso de Jornalismo
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