quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Restrições de medicamentos para as crianças


Um medicamento para ser lançado, necessita de muita pesquisa, inclusive após sua liberação para as vendas. Novas restrições e reações adversas surgem quando muitas pessoas fazem uso desses medicamentos em situações não previstas nos testes. Como há muitas restrições para se testar novos medicamentos em crianças, muitas reações adversas somente serão conhecidas quando alguns pequenos já sofreram seus percalços. As crianças são consideradas “órfãs” em relação aos medicamentos.

Nos EUA, apenas 50% dos medicamentos foram liberados para uso infantil. As autoridades americanas alertam para os cuidados que os médicos devem ter quando fazem aproximações de doses de medicamentos aprovados para adultos usados em crianças. Esse cuidado também vale quando o medicamento foi testado em adolescentes e será usado em recém-nascido. Os organismos, ao longo das diversas fases etárias, se comportam de forma diferenciada, por isso o uso dos medicamentos em crianças deve ser criterioso. Sempre questione seu pediatra se o medicamento está liberado para crianças.

Os medicamentos liberados em crianças consideram quatro fases etárias. A primeira é a dos neonatos, ou recém-nascidos, que vai do nascer até um mês de idade. A segunda, de um mês de vida até dois anos. Na sequência, crianças dos dois aos 12 anos, daí até 17 anos são os adolescentes. Mas também é preciso considerar cuidados durante a gestação. Existem outras classificações, porém essa é de caráter internacional.

De um modo geral, até os dois anos de idade, as crianças apresentam metabolismo e excreção imaturos e, portanto, necessitam de uma menor dose proporcional em relação aos adultos. Crianças maiores eliminam mais rapidamente os medicamentos. Os adolescentes já são mais próximos dos adultos. Essas variações podem fazer com que o medicamento seja ineficaz ou tóxico, dependerá da intersecção de todos as variantes.

Um estudo canadense constatou que, considerando-se por patologia, os medicamentos mais prevalentes em crianças e adolescentes são os antibióticos e os de controle da asma. Porém, tem aumentado de forma significativa os medicamentos psicoativos para déficit de atenção, autismo e esquizofrenia. Patologia para as quais não tem estudo de uso de longo prazo, a partir da infância, incluindo-se os efeitos sobre a capacidade de aprendizagem, sobre o metabolismo e possíveis efeitos sobre o metabolismo e danos cardiovasculares. Isso demanda que se pesquisa mais e de forma ética os medicamentos a serem usados em crianças.

Se ainda tiver dúvidas, encaminhe sua dúvida para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail cim@unisantos.br ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.

Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.


*Publicado originalmente pelo Jornal da Orla 

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