Um medicamento para ser
lançado, necessita de muita pesquisa, inclusive após sua liberação para as
vendas. Novas restrições e reações adversas surgem quando muitas pessoas fazem
uso desses medicamentos em situações não previstas nos testes. Como há muitas
restrições para se testar novos medicamentos em crianças, muitas reações
adversas somente serão conhecidas quando alguns pequenos já sofreram seus
percalços. As crianças são consideradas “órfãs” em relação aos medicamentos.
Nos EUA, apenas 50% dos
medicamentos foram liberados para uso infantil. As autoridades americanas
alertam para os cuidados que os médicos devem ter quando fazem aproximações de
doses de medicamentos aprovados para adultos usados em crianças. Esse cuidado
também vale quando o medicamento foi testado em adolescentes e será usado em
recém-nascido. Os organismos, ao longo das diversas fases etárias, se comportam
de forma diferenciada, por isso o uso dos medicamentos em crianças deve ser
criterioso. Sempre questione seu pediatra se o medicamento está liberado para
crianças.
Os medicamentos
liberados em crianças consideram quatro fases etárias. A primeira é a dos
neonatos, ou recém-nascidos, que vai do nascer até um mês de idade. A segunda,
de um mês de vida até dois anos. Na sequência, crianças dos dois aos 12 anos,
daí até 17 anos são os adolescentes. Mas também é preciso considerar cuidados
durante a gestação. Existem outras classificações, porém essa é de caráter
internacional.
De um modo geral, até
os dois anos de idade, as crianças apresentam metabolismo e excreção imaturos
e, portanto, necessitam de uma menor dose proporcional em relação aos adultos.
Crianças maiores eliminam mais rapidamente os medicamentos. Os adolescentes já
são mais próximos dos adultos. Essas variações podem fazer com que o
medicamento seja ineficaz ou tóxico, dependerá da intersecção de todos as
variantes.
Um estudo canadense
constatou que, considerando-se por patologia, os medicamentos mais prevalentes
em crianças e adolescentes são os antibióticos e os de controle da asma. Porém,
tem aumentado de forma significativa os medicamentos psicoativos para déficit
de atenção, autismo e esquizofrenia. Patologia para as quais não tem estudo de
uso de longo prazo, a partir da infância, incluindo-se os efeitos sobre a
capacidade de aprendizagem, sobre o metabolismo e possíveis efeitos sobre o
metabolismo e danos cardiovasculares. Isso demanda que se pesquisa mais e de
forma ética os medicamentos a serem usados em crianças.
Se ainda tiver dúvidas,
encaminhe sua dúvida para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do
curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail cim@unisantos.br
ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.
Prof. Dr Paulo Angelo
Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981),
especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos
(1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor
titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.
*Publicado originalmente pelo Jornal da Orla
Nenhum comentário:
Postar um comentário