segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Professoras ressaltam importância da ética em pesquisas com animais


A invasão de ativistas, no dia 18 de outubro, no Instituto Royal, centro de pesquisa de fármacos, em São Roque, para retirarem cachorros da raça beagle, utilizados para testes, esquentou o debate sobre a utilização de animais para experimentos científicos. A discussão traz à tona o questionamento dos limites éticos desta prática, que não se restringe a cachorros.

Neste sentido, os comitês de ética são os responsáveis por avaliar as pesquisas e dizer se estão sendo feitas corretamente, tanto para institutos, como para as universidades que usem animais para estudos. “Para haver comitês nas universidades é necessário que existam pesquisas e aulas práticas que usem animais”, diz a bióloga e professora da UNISANTOS Maria Luíza Domingues Villar, que integra o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade.  Os institutos de pesquisa animal, inclusive o Royal, precisam seguir a regulamentação estabelecida pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea).

A ética que envolve o caso dos beagles diminuiria o ritmo dos experimentos, mas é, segundo Maria Luíza, uma tendência para pesquisadores seguirem. “O processo é mais longo assim”, mas para ela não se pode ignorar a necessidade de debater o assunto e cita que o começo dessa discussão se deu a partir da Segunda Guerra Mundial, pelos experimentos com pessoas perseguidas por nazistas. “Há pessoas dos mais diferentes tipos lidando com pesquisa em animais e em humanos, mas estes têm de ser tratados com critérios e ética”.

“Eticamente não se podem usar animais sem avaliação do comitê e, se houver sofrimento, deve ter uma justificativa”, considera Maria Luíza. Ela ressalta a importância das experiências de estágio – ou seja, prática – que os alunos têm, mas se preocupa com os critérios que as pesquisas têm de seguir para desenvolver o trabalho.

A preocupação em utilizar de forma criteriosa animais para estudos também faz parte do dia a dia de pesquisadores. Professora nos cursos de Nutrição e Enfermagem da UNISANTOS, a bióloga Sueli Torres Barbosa utilizou 40 ratas para sua pesquisa de mestrado e aproveitou os resultados obtidos com este material em seu doutorado, para, assim, não precisar utilizar novos animais. “Evitei ao máximo o medo, a dor e o sofrimento deles”, fala Sueli. Ela também diz valorizar as formas alternativas para os testes em animais, como o uso de células.

Bruno Almeida - aluno do 4º semestre de Jornalismo

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