sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Endemia na Baixada Santista, tuberculose exige atenção no tratamento


A tuberculose é uma doença infecciosa que pode acometer vários órgãos, porém, como a contaminação se dá pela inalação de bactérias disseminadas no ar por um portador da tuberculose pulmonar, esta forma é a mais relevante em questão de saúde pública e, também, a mais frequente.

Antigos preceitos de isolamento de infectados, distinção de talheres, entre outras ações, caíram por terra com o melhor conhecimento da doença. A convivência com o doente é perfeitamente possível uma vez que a bactéria livre é fotossensível. Simples cuidados de higiene, ambientes iluminados pelo sol e arejados são profiláticos para esta e para tantas outras infestações.

Estatisticamente, a endemia de tuberculose atinge mais indivíduos do sexo masculino entre 15 e 59 anos. O diagnóstico é direcionado pelo quadro sintomático característico de tosse por três semanas ou mais - podendo conter ou não gotículas de sangue -, febres e suores ao entardecer, e emagrecimento. É confirmado por identificação da bactéria em exame de escarro ou constatação de lesão do tecido pulmonar em radiografia.

Apenas 5% da população é suscetível à doença, ou seja, dentre os expostos à bactéria (estimados em 1/3 da humanidade), uma minoria desenvolve a tuberculose. Para os demais, o contato manifesta-se como infecção localizada temporária, que não requer assistência médica graças a defesas próprias do organismo hígido.

Em 1993, a elevada taxa de mortalidade de infectados não tratados levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar a doença como emergência de saúde pública global. Em 2010, cerca de 8,8 milhões de pessoas desenvolveram a doença, que acometeu 1,4 milhões a óbito.

A interrupção da cadeia de contágio só é possível a partir do início de tratamento do paciente diagnosticado com a forma pulmonar, pois a correta medicação inibe a multiplicação bacteriana, interrompendo a emissão de micobactérias no ar.

O Brasil está entre os 22 países recordistas de incidência no mundo, e a Baixada Santista contribui amplamente com esses números por apresentar, em média, duas vezes mais casos que o restante do estado de São Paulo. Um estudo do município de Santos aponta o registro de mais de 2 mil casos em 2009, e preocupante taxa de 22% de insucesso no tratamento motivado maciçamente pelo abandono da terapia.

O tratamento corretamente conduzido tem duração de seis meses e inicialmente consiste de quatro antibióticos combinados de modo a limitar a resistência bacteriana a 1%. Ao melhorarem os sintomas da infecção, porém, muitos pacientes abandonam a terapia.  Esta interrupção ou a falha da administração propiciam a proliferação de bactérias, que por processo de mutação adquirem resistência aos medicamentos empregados.

Estima-se que a tuberculose multirresistente afete anualmente 500 mil pessoas, das quais 150 mil falecem. O quadro é preocupante, pois, aos poucos, se esgotam as alternativas medicamentosas. A conscientização geral e a busca ativa de pacientes sintomáticos são essenciais para conter o avanço da doença.

Suzana Silva de Oliveira - 8º semestre Farmácia

Referências

COELHO, Andrea G. V. et al. Características da tuberculose pulmonar em área hiperendêmica - município de Santos (SP). Santos: J Bras Pneumol., 2009. 35(10):998-1007.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global Tuberculosis control: WHO Report 2011. Genebra: WHO Press, 2011.
ALVES, Sandra Maria (Ms.). Ações voltadas à prevenção da tuberculose. Santos: Informação verbal, 2012.

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