sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Dengue e paracetamol

A dengue é uma doença viral cujo tratamento é meramente sintomático, por se levar em conta que a evolução da forma clássica da dengue ser benigna, ou seja, o próprio organismo deve ser capaz de exterminar o vírus. O quadro clínico é bastante variável, e pode envolver febre abrupta e alta (39° a 40°), dores de cabeça, músculos, articulações e atrás dos olhos; prostração, anorexia, náuseas, vômitos, erupções e prurido cutâneos, e, ocasionalmente, hepatomegalia (crescimento do fígado).

A terapia é baseada em hidratação rigorosa, repouso e controle da febre e dor mediante tratamento com analgésicos e antitérmicos, como paracetamol e dipirona. Desaparecendo a febre, há regressão dos principais sintomas, podendo ainda persistir a fadiga. Os salicilatos (como AAS) e outros anti-inflamatórios não hormonais são contraindicados, por favorecerem manifestações
hemorrágicas e acidose.

Entende-se que todos os indivíduos são suscetíveis a dengue, exceto aqueles que, curados de uma infecção, adquirem imunidade àquele sorotipo (variantes dentro de uma mesma espécie) viral. O ciclo de transmissão da doença se inicia quando um doente infectado é picado pelo mosquito, que, contaminado, incuba o vírus entre 8 a 12 dias. A partir daí, o mosquito está apto a transmitir o vírus. No entanto, se a picada a um doente for interrompida e o mosquito, imediatamente, se alimentar de um indivíduo suscetível, a transmissão pode ser imediata, mecânica. A incubação do vírus no indivíduo infectado varia de 3 a 15 dias, e a transmissibilidade da doença dura sete dias, a contar do dia anterior ao surgimento de febre.

Todo medicamento é passível de reações adversas. Quando utilizado na indicação e posologia corretas, o paracetamol é seguro e eficaz. Entretanto, tem seu uso contraindicado para pacientes portadores de disfunções hepáticas (hepatites viral ou alcoólica e cirrose), HIV/Aids e doenças imunossupressoras, em razão de potenciais danos ao fígado. A Anvisa reitera que a administração de medicamentos sem a devida orientação pode desencadear complicações fatais.

Em países tropicais, como o Brasil, as condições são propícias para o desenvolvimento e proliferação do Aedes aegypti, principal vetor da dengue. Nos dias de hoje, além da dengue esse mosquito também pode transmitir o chikungunya, doença diferente porém com alguma semelhança à dengue. A melhor terapia de combate à doença é a prevenção. Elimine os criadouros do mosquito, evite acúmulo de água parada e proteja-se com repelentes e telas nas janelas.

SUZANA SILVA DE OLIVEIRA – 10º semestre de Farmácia

Referências:
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Pós-Comercialização Pós-Uso / Farmacovigilância / Alertas por Região Geográfica / INFORMES / Informes de 2002. Informe SNVS/Anvisa/UFARM nº 2, de 25 de fevereiro de 2002. Risco de intoxicação com analgésicos e antitérmicos.


BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Dengue: aspectos epidemiológicos, diagnóstico e tratamento. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2002. 20p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos, nº 176).

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