sexta-feira, 29 de abril de 2016

H1N1: um grave problema, mas nem tanto

O vírus responsável pelo influenza circula livremente nas populações. Periodicamente, durante os períodos mais frios, acomete um número significativo de pessoas. Porém, de tempos em tempos, algumas mutações desses vírus provocam o aumento no número de casos. Como esse vírus circula pelo mundo todo, estando presente nos invernos dos dois hemisférios, o aumento mundial no número de casos é chamado de pandemia.

Segundo dados oficiais do Ministério da Saúde, até meados de março de 2016, testes laboratoriais em 1400 casos de pessoas que apresentavam a sintomatologia da Síndrome Respiratória Aguda Grave, confirmou-se a presença de algum vírus respiratório em 440 testes, ou seja, em 31,4% do total de amostras. O vírus influenza foi responsável por, aproximadamente 20% das mortes. Há de se ressaltar que 75% dos casos de morte ocorreram em adultos com mais de 60 anos que apresentavam diabetes e/ou cardiopatias.

A precaução ainda é a melhor estratégia. Lavar as mãos sempre que em contato com superfícies expostas ao público; não levar as mãos aos olhos, nariz ou boca; manter-se em ambiente arejado; e usar máscara para proteção da boca e do nariz ao se aproximar, em menos de um metro, de pessoas suspeitas de estar infectadas pelos vírus e que apresentem tosses e espirros. A vacinação é eficaz.

A situação atual é grave, mas não justifica ações irracionais. Não se automedique e nem acredite em fórmulas milagrosas. A infecção aguda das vias aéreas apresenta quadro febril, normalmente com temperaturas acima de 37,8°C, declinando após dois ou três dias e normalizando em torno do sexto dia de evolução. A febre geralmente é mais acentuada em crianças, bem como o quadro pode se prolongar por mais tempo. Outros sintomas podem aparecer e a principal complicação é o quadro infeccioso respiratório, pelo próprio vírus.

O quadro de síndrome gripal, dores pelo corpo além da febre, deve ser tratado com medicamentos sintomáticos e hidratação. Quando a pessoa apresentar algum fator de risco (crianças com menos de 5 anos; adultos com mais de 60 anos; diabetes; doenças respiratórias ou cardiovasculares, entre outros fatores) justifica o uso de medicamentos antivirais de forma precoce, no máximo 72 horas a partir do início dos sintomas. Não há nenhuma evidência científica de que esses medicamentos possam ter um efeito profilático, evitando a doença. Salvo quando houver o contato com uma pessoa sabidamente infectada e o medicamento for usado em no máximo 48 horas após o contato.

Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.


* Publicado originalmente pelo Jornal da Orla em 4 de abril de 2016.

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