Dengue, zika e chikungunya são
infecções transmitidas pelo mosquito do gênero Aedes, sendo consideradas uma
das maiores preocupações mundiais de saúde pública. Buscando controle químico
alternativo contra o Aedes aegypti, muitas pesquisas foram desenvolvidas na
busca de novas substâncias de origem vegetal. Espalhou se pela internet uma
receita de repelente caseiro que prometia ser a solução definitiva para manter
o mosquito bem longe. A mistura de óleo e cravo da índia chamada de repelente
dos pescadores ganhou espaço até na televisão. Um grupo de pesquisadores da
Unesp em Botucatu resolveu colocar a prova.
Seus estudos mostraram que o tempo de repelência é um pouco mais de 100
segundos, após esse tempo os mosquitos já estavam picando novamente.
O tempo médio de picadas nos braços nus foi de 13,7 segundos, nos que receberam a aplicação do preparado de cravo foi de 104,7 segundos, nos com óleo de andiroba foi de 213,7 segundos, nos com óleo de soja, 77,7.
As plantas como andiroba e
citronela talvez possam alcançar um desempenho maior, mas para isso é preciso
atingir um nível mais sofisticado de manejo, ou seja, não adianta só macerar e
fazer um preparado com álcool ou óleo.
Estudo mostra que 85,7% das
pessoas que faziam uso de repelente natural, uma mistura de partes iguais de
óleo para uso infantil, de andiroba e copaíba consideravam nível excelente de
proteção, porém pode ser um possível efeito sinérgico dessa associação, ou
falsa sensação de segurança, pois são necessários dados científicos para se
verificar a eficácia desses óleos, os quais vem sendo utilizado de modo
empírico.
A vitamina B1, também conhecida
como Tiamina, é muito recomendada na medicina popular e na literatura leiga,
porém estudos relatam que a ação de repelência da vitamina B é ineficaz. A
Tiamina é importante para o organismo e raramente produz efeitos tóxicos.
Portanto o uso dessa vitamina deve ser desestimulado como repelente.
Em suma, os "inseticidas
naturais", produtos caseiros a base de citronela, andiroba, óleo de cravo e
entre outros, não possuem comprovação de eficácia nem aprovação da Anvisa, bem
como as velas, odorizantes de ambientes, limpadores e incensos também não estão
aprovados.
A ciência teria de se voltar para
encontrar quais substâncias nessas plantas têm esse efeito de repelência,
isolá-las, purificá-las e aí trabalhar com uma alta concentração.
Lais Oliveira Reis – 7º semestre
do curso de Farmácia
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