sexta-feira, 1 de abril de 2016

Repelentes populares para Aedes aegypti

Dengue, zika e chikungunya são infecções transmitidas pelo mosquito do gênero Aedes, sendo consideradas uma das maiores preocupações mundiais de saúde pública. Buscando controle químico alternativo contra o Aedes aegypti, muitas pesquisas foram desenvolvidas na busca de novas substâncias de origem vegetal. Espalhou se pela internet uma receita de repelente caseiro que prometia ser a solução definitiva para manter o mosquito bem longe. A mistura de óleo e cravo da índia chamada de repelente dos pescadores ganhou espaço até na televisão. Um grupo de pesquisadores da Unesp em Botucatu resolveu colocar a prova.  Seus estudos mostraram que o tempo de repelência é um pouco mais de 100 segundos, após esse tempo os mosquitos já estavam picando novamente.

O tempo médio de picadas nos braços nus foi de 13,7 segundos, nos que receberam a aplicação do preparado de cravo foi de 104,7 segundos, nos com óleo de andiroba foi de 213,7 segundos, nos com óleo de soja, 77,7.

As plantas como andiroba e citronela talvez possam alcançar um desempenho maior, mas para isso é preciso atingir um nível mais sofisticado de manejo, ou seja, não adianta só macerar e fazer um preparado com álcool ou óleo.

Estudo mostra que 85,7% das pessoas que faziam uso de repelente natural, uma mistura de partes iguais de óleo para uso infantil, de andiroba e copaíba consideravam nível excelente de proteção, porém pode ser um possível efeito sinérgico dessa associação, ou falsa sensação de segurança, pois são necessários dados científicos para se verificar a eficácia desses óleos, os quais vem sendo utilizado de modo empírico.

A vitamina B1, também conhecida como Tiamina, é muito recomendada na medicina popular e na literatura leiga, porém estudos relatam que a ação de repelência da vitamina B é ineficaz. A Tiamina é importante para o organismo e raramente produz efeitos tóxicos. Portanto o uso dessa vitamina deve ser desestimulado como repelente.

Em suma, os "inseticidas naturais", produtos caseiros a base de citronela, andiroba, óleo de cravo e entre outros, não possuem comprovação de eficácia nem aprovação da Anvisa, bem como as velas, odorizantes de ambientes, limpadores e incensos também não estão aprovados.

A ciência teria de se voltar para encontrar quais substâncias nessas plantas têm esse efeito de repelência, isolá-las, purificá-las e aí trabalhar com uma alta concentração.


Lais Oliveira Reis – 7º semestre do curso de Farmácia

 Referências:

AGUIAR, D.L., Utilização De Óleos Essenciais Como Tecnologia Alternativa Aos Inseticidas Sintéticos Para O Controle Do Aedes Aegypti, Universidade Estadual Da Paraíba, Campina Grande, 2011.

ANVISA, Repelentes E Inseticidas: Perguntas & Respostas, Brasília. dez. 2015. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/anvisa+portal/anvisa/sala+de+imprensa/menu+-+noticias+anos/2015/repelentes+e+inseticidas+perguntas+e+respostas

CARREÑO, A.M., RIBAS, J., Avaliação Do Uso De Repelentes Contra Picada De Mosquitos Em Militares Na Bacia Amazônica, An. Bras. Dermatol. 2010; 85(1): 33-8.

FURTADO, R. F. et al. Atividade Larvicida De Óleos Essenciais Contra Aedes Aegypti L. Neotrop. Entomol. vol.34 no.5 Londrina Sept./Oct. 2005, vol.34, n.5, pp. 843-847.

GIRARDI, G., Ao gosto do Aedes. unespciência out. 2011

MEDEIROS, V.F., Potencial Larvicida De Extratos De Plantas Regionais No Controle De Larvas De Aedes Aegypti. Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte, Natal, RN, jun. 2007.

NASSIF, P.W. et.al., Vitaminas e Minerais – Uma Revisão Sobre Efeitos Colaterais, Uningá.  Review. Oct. 2012 No 12(2). p. 52- 58

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