segunda-feira, 18 de abril de 2016

Os perigos dos descongestionantes nasais

Os descongestionantes nasais são os medicamentos utilizados para tratar os sintomas da congestão nasal, o famoso nariz entupido. Esses sintomas são ocasionados devido ao aumento do calibre dos vasos que irrigam a mucosa nasal (vasodilatação).

A fim de promover alívio imediato, os descongestionantes nasais apresentam uma ação vasoconstritora, diminuindo o calibre dos vasos e permitindo que o ar passe com mais facilidade. Esses medicamentos são muito utilizados sem prescrição médica, sem as orientações devidas sobre o uso correto e seus possíveis efeitos adversos.

Além da falta de orientação pessoal, estudos mostram que as bulas não são completas em relação ao esclarecimento dos possíveis efeitos indesejados e forma de utilização. Isso pode causar no paciente uma falsa sensação de segurança, pois ao ler a bula, ele acredita estar fazendo um uso responsável do medicamento, de acordo com as orientações descritas.

O grande problema desses medicamentos de ação imediata e longa duração é que podem causar um efeito rebote. O efeito rebote é uma resposta do organismo contrária à ação estimulada pelo medicamento. Isso acontece principalmente com o uso frequente do descongestionante, que após causar a vasoconstrição, irá causar uma vasodilatação rebote, podendo ser ainda mais intensa que à anterior.

Outros efeitos em longo prazo incluem arritmias cardíacas (alterações no ritmo dos batimentos cardíacos), cefaleia, insônia, irritação nasal, agitação, espirros, taquicardia (muitos batimentos cardíacos por minuto), tremores e retenção urinária. Por isso, são contraindicados para pacientes diagnosticados com hipertensão arterial, diabetes, hipotireoidismo e hiperplasia prostática (aumento da próstata). Grande parte desses efeitos está relacionada ao uso de uma quantidade exagerada do medicamento, pois a quantidade em excesso será engolida e absorvida na mucosa estomacal.

O uso indiscriminado dos descongestionantes nasais também pode causar uma rinite medicamentosa. Ela pode se desenvolver a partir de 5 a 7 dias de uso. O grande risco é que a rinite medicamentosa irá levar o paciente a continuar na automedicação, pois o descongestionante continuará proporcionando alívio imediato, porém por menor tempo a cada utilização. Isso levará a um uso abusivo, aumentando as chances de intoxicação e de desenvolvimento dos efeitos adversos.

Outro ponto a se considerar é que os descongestionantes nasais aliviam o sintoma sem tratar a causa. A consulta médica a fim de investigar o agente causador da congestão nasal é essencial para a escolha de um tratamento eficaz e racional, onde haverá o mínimo aparecimento de efeitos indesejados.

Thais Damin Lima - 7º semestre do curso de Farmácia

Referências:

LAGUE, L. G. et al. Prevalência do uso de vasoconstritores nasais em acadêmicos de uma universidade privada do Rio Grande do Sul. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 57 (1): 39-43, jan.-mar. 2013

BALBANI, Aracy Pereira Silveira; DUARTE, Jurandir Godoy; MONTOVANI, Jair Cortez. Análise retrospectiva da toxicidade de gotas otológicas, medicamentos tópicos nasais e orofaríngeos registrada na Grande São Paulo. Rev. Assoc. Med. Bras.,  São Paulo ,  v. 50, n. 4, p. 433-438, Dec.  2004.

BALBANI, A. P. S. Bulas de medicamentos para tratamento das rinites. Rev. bras. alerg. imunopatol. 2003; 26(1):17-24.

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