As plantas medicinais são utilizadas para
tratar as enfermidades desde os tempos antigos, por diversos povos. Além do
propósito medicinal, as plantas são utilizadas em diversos rituais, principalmente
indígenas, com plantas que possuem propriedades alucinógenas ou estimulantes.
Portanto, pode-se afirmar que as espécies vegetais são o alvo de inúmeras
comunidades na busca de substâncias com poder curativo para determinada doença.
A etnofarmacologia contempla estudos sobre a
utilização das plantas medicinais pelas comunidades, a fim de buscar a
finalidade de determinada planta e averiguar se a indicação para seu uso possui
evidências científicas. O reino vegetal possui um arsenal de moléculas
biologicamente ativas. Esse fato e importante principalmente para Brasil, país
com grande diversidade biológica.
Diversos medicamentos puderam ser criados a
partir da etnofarmacologia. O ácido acetilsalicílico (AAS), um dos medicamentos
mais comercializados no Brasil, foi descoberto estudando as propriedades da Salix alba, salgueiro utilizado pelos
indígenas para o tratamento da febre. Além do AAS, há o ópio, substância
utilizada para o controle de dores, extraída da papoula. A utilização do ópio
para tratamento das dores e para fins recreativos é registrada até mesmo em
épocas pré-históricas.
As plantas descobertas têm as moléculas
químicas responsáveis pelas suas ações farmacológicas estudadas até haver a
confirmação de que, de fato, ela possui as propriedades para sua finalidade.
Essas moléculas foram isoladas, transformadas em medicamentos e, por fim,
comercializadas para seu determinado propósito.
A etnofarmacologia, além de descobrir
potenciais agentes terapêuticos por meio das comunidades, pode apontar mais
indicações de uso para uma mesma substância. Porém, como se tratam de estudos com
comunidades tradicionais que se relacionam com o meio natural de maneira
cultural, são necessárias diversas evidências científicas. A legislação exige comprovação
de uso seguro e efetivo para um período mínimo de 30 anos.
Até hoje, o reino vegetal é utilizado como
matéria-prima para a produção de medicamentos, principalmente quando a sua
síntese química em laboratório é economicamente inviável ou quando as moléculas
são complexas, como é o caso dos digitálicos. É importante que ocorra o
investimento nos estudos sobre as plantas medicinais, pois há uma variedade de
espécies que ainda não foram descobertas, sendo assim, potenciais agentes terapêuticos,
inclusive, para doenças que ainda não se há cura.
João
Gabriel Gouvêa da Silva – 6° semestre do curso de Farmácia
Referências:
ALBUQUERQUE, U.P.; HANAZAKI, N. As pesquisas
etnodirigidas na descoberta de novos fármacos de interesse médico e
farmacêutico: fragilidades e perspectivas. Rev. Bras. Farmacogn. João Pessoa,
v.16, suppl.0, Dez. 2006.
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