segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Cafeína na asma

A cafeína está entre as substâncias mais consumidas no mundo. É possível encontrá-la em diversas substâncias, como no café, cacau/chocolate e nos refrigerantes. Um dos motivos da procura pela cafeína são os efeitos no sistema nervoso central, tendo a capacidade de aumentar a atenção do indivíduo, diminuir o estado de sonolência e causar maior estimulação adrenérgica.

Os efeitos da cafeína são devido a estimulação adrenérgica, permitindo a sensação de “energia” no corpo. A cafeína tem efeitos semelhantes ao de uma substância presente no organismo, a noradrenalina. Esse mediador químico fisiológico produz efeitos estimulantes durante as atividades físicas ou de tensão. A cafeína, então, desencadeia reações similares. Portanto, sua ingestão aumenta a atividade adrenérgica no organismo.

Há estudos apontando que a cafeína pode ser utilizada para melhorar a função cardiorrespiratória de pacientes asmáticos. Esse apontamento se dá pelo fato da cafeína aumentar a função respiratória, função da qual em asmáticos se encontra mais debilitada quando comparada com indivíduos saudáveis.

A dificuldade respiratória durante as crises de asma é resultado da constrição da musculatura responsável pela abertura e fechamento dos brônquios, dificultando a passagem de ar. As substâncias adrenérgicas causam a relaxamento dessa musculatura, permitindo o maior fluxo de ar nos brônquios. Exemplos de broncodilatadores, o salbutamol e o fenoterol são medicamentos muito utilizados em bombas inalatórias para crises de asma e que também simulam os efeitos adrenérgicos, causando o relaxamento da musculatura brônquicas.

Porém, a cafeína não deve, de maneira alguma, ser utilizada como substituta de medicamentos em crises de asma. Mesmo ela tendo o mesmo mecanismo de ação. A dose de cafeína presente em bebidas e alimentos é insignificante para controlar a crise asmática, enquanto os medicamentos têm a dose necessária para realizar este efeito.

Os estudos apontam que a cafeína melhora a condição respiratória de indivíduos asmáticos em condições de crises controladas. É importante informar que a cafeína não previne novas crises, portanto sua ação é restrita apenas à melhoria da condição respiratória do indivíduo, proporcionando maior qualidade de vida.

João Gabriel Gouvêa da Silva – 6º semestre do curso de Farmácia

Referências:

CAMARGO, J.S.O. et al. Utilização e eficácia de espaçadores no tratamento farmacológico de pacientes asmáticos: uma revisão integrativa. Rev. enferm. Rio de Janeiro, v.20, n.1, p.654-60, Dez. 2012.

BRAGA, L.C.; ALVES, M.P. A cafeína como recurso ergogênico nos exercícios de endurance. Rev. Bras. Ciên. e Mov. Brasília, v.8, n. 3, p. 33-37, Jun. 2000.

WELSH, E.J. et al. Caffeine for asthma. Cochrane Database of Systematic Reviews, London, v. 1, Jan. 2010.


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