O uso de animais para o desenvolvimento de medicamentos é uma tema muito atual
nos jornais, principalmente, em função dos últimos acontecimentos, mas ele há
muito tempo faz parte dos assuntos dos cientistas e dos órgãos
regulamentadores. No Brasil, em 2008, foi criado Conselho Nacional de Controle
de Experimentação Animal – CONCEA, que, dentre outras funções, é responsável
por formular e zelar pelo cumprimento das normas relativas à utilização
humanitária de animais com finalidade de ensino e pesquisa científica. Isso
significa que existe uma legislação sobre o assunto no Brasil.
A
preocupação com o bem-estar animal inicia-se nos primórdios do século XIX, mas
apenas na década de 1970 que a ética estuda os direitos dos animais. Apesar de
alguns estudos focarem mais os deveres dos humanos para com os animais e menos
sobre os seus direitos próprios. De todo modo, o uso dos animais em pesquisas e
aprendizagem está regulamentado e qualquer procedimento sobre eles deverá ser
previamente aprovado por um comitê específico, formado por membros da sociedade
e por cientistas. Mas, para alguns ativistas isso é insuficiente e exigem categoricamente
o fim dos experimentos nos animais.
Nos
dias de hoje, de forma mais incisiva na Europa, a abordagem da experimentação
em animais está baseada no conceito dos três "R" (Reduction,
Replacement e Refinement). Isso significa em reduzir ao máximo possível o
número de animais usados em experimentos (sem perder a precisão do teste).
Procurar alternativas viáveis de testes que não usem animais. Além de buscar, o
máximo possível, utilizar-se de procedimentos pouco agressivos, preservando, no
limite, o conforto do animal. Mas os documentos europeus não falam em
prescindir do teste em animais porque, em dadas circunstâncias, eles são
imprescindíveis.
Um
exemplo clássico da importância do estudo prévio em animais foi o uso da talidomida
em grávidas, nos anos de 1950. À época, não se exigia estudos prévios profundos
e, portanto, não se sabia de seu efeito teratogênico. Prescrita como sedativo e
para o controle das náuseas e vômitos das grávidas produziu um número muito
grande, no mundo todo, de crianças com malformações. O teste prévio em animais
poderia ter reduzido essa tragédia. É certo, por outro lado, que nem tudo é
previsível usando-se o modelo animal, porém sempre dará maior segurança no uso
inicial pelos humanos.
Se
ainda tiver dúvidas, encaminhe sua dúvida para o Centro de Informações sobre
Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo
e-mail cim@unisantos.br ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro
Nébias, 300, 11015-002.
Prof.
Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP
(1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos
(1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor
titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.
*Publicado
originalmente pelo Jornal da Orla
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