segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Como surge o câncer

 A incidência de câncer no mundo cresceu 20% na última década. No Brasil, estima-se que a incidência da doença alcance 576 mil pessoas para o ano de 2014, e 27 milhões de novos casos no ano de 2030. Este resultado parece estar relacionado, entre outros aspectos, com a industrialização e a urbanização. O crescente aparecimento do câncer estaria associado ao desenvolvimento econômico, incidindo principalmente em sociedades mais desenvolvidas.

Os tumores de próstata masculina e os da mama feminina são as formas incidentes de maior mortalidade na população brasileira. O câncer de

mama é passível de ocorrer em homens, porém seus números são menos representativos no gênero masculino. A elevação da taxa de incidência da doença estaria relacionada ao aumento do consumo de alimentos industrializados, reduzida prática de atividade física e mudanças no comportamento reprodutivo feminino (nuliparidade e idade avançada na primeira gestação). Quando detectados em estágios iniciais, há bom prognóstico de cura. No entanto, o acesso insuficiente a serviços de saúde, como exames de mamografia e Papanicolau, de alta eficácia na detecção das lesões iniciais do câncer de colo de útero, contribuem para o aumentado índice de fatalidade.

O câncer é uma doença insidiosa de origem multicausal, relacionada ao conjunto de fatores genéticos e ambientais. Seu surgimento se dá em razão de alterações na informação genética de células somáticas (todas as células do organismo, exceto óvulos e espermatozoides), de origem hereditária ou adquirida. Dentre os fatores ambientais, o mais notável é a dieta. Estudos comprovam que a ingestão de frutas e hortaliças exerce efeito protetor contra diversas formas de câncer, enquanto os alimentos industrializados e alto teor de gorduras promovem efeito nocivo. Também são fatores relevantes tabagismo, obesidade, pouca atividade física, contato com certos microorganismos, e exposição frequente a substâncias carcinogênicas (como amianto ou partículas de carvão).

Como processo fisiológico, a multiplicação celular ocorre em todo organismo com finalidade de regeneração tecidual, substituindo as células mortas. Já o mecanismo patológico do câncer é caracterizado pela desordem desse processo de multiplicação, em que as células passam a se dividir de forma autônoma. O tumor gerado deixa de atender a comandos do organismo para apoptose (processo de morte celular que toda célula não funcional fisiologicamente sofreria), e passa a comandar a proliferação de grande número de células que já não desempenham função, causando inflamação, invadindo tecidos adjacentes e alterando o padrão de irrigação sanguínea local. Esta concentração maciça de células em constante atividade consome bastante energia, devido à alta atividade metabólica, causando ao indivíduo sintomas como cansaço acentuado e emagrecimento.

Por se tratar de células próprias do indivíduo, o tratamento medicamentoso não é direcionado ao agente causal, como é para outras doenças. A terapia antineoplásica consiste no retardamento da multiplicação celular, com objetivo de agredir o tumor e sua alta exigência metabólica. Entretanto, a ação do fármaco não distingue células saudáveis de cancerígenas, logo, todos os tecidos têm redução da taxa de regeneração. Para o doente em tratamento, este fator não é sentido em grande parte dos sistemas orgânicos, porém é mais relevante nas mucosas (por exemplo, do trato gastrointestinal), onde há maior desgaste tecidual. A sensibilidade à terapia quimioterápica é, geralmente, explicada por esta atividade farmacológica esperada. Embora surjam reações adversas ao tratamento, este deve ser conduzido muito seriamente para que o sucesso terapêutico seja alcançado.

Suzana Silva de Oliveira - 10º semestre de Farmácia

Referências:
GARÓFOLO, A. et al. Dieta e câncer: um enfoque epidemiológico. Rev. Nutr., Campinas, v. 17, n. 4, p. 491-505, out./dez. 2004.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer. José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2014. Incidência de Câncer no Brasil. Brasília: MS, 2014.


PRADO, B. B. F.. Influência dos hábitos de vida no desenvolvimento do câncer. São Paulo: Cienc. Cult., v. 66, n. 1, 2014.

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