A incidência de câncer no mundo cresceu 20% na última década.
No Brasil, estima-se que a incidência da doença alcance 576 mil pessoas para o
ano de 2014, e 27 milhões de novos casos no ano de 2030. Este resultado parece
estar relacionado, entre outros aspectos, com a industrialização e a
urbanização. O crescente aparecimento do câncer estaria associado ao
desenvolvimento econômico, incidindo principalmente em sociedades mais
desenvolvidas.
Os tumores de próstata masculina e os da mama feminina são
as formas incidentes de maior mortalidade na população brasileira. O câncer de
mama é passível de ocorrer em homens, porém seus números são menos
representativos no gênero masculino. A elevação da taxa de incidência da doença
estaria relacionada ao aumento do consumo de alimentos industrializados,
reduzida prática de atividade física e mudanças no comportamento reprodutivo
feminino (nuliparidade e idade avançada na primeira gestação). Quando
detectados em estágios iniciais, há bom prognóstico de cura. No entanto, o
acesso insuficiente a serviços de saúde, como exames de mamografia e
Papanicolau, de alta eficácia na detecção das lesões iniciais do câncer de colo
de útero, contribuem para o aumentado índice de fatalidade.
O câncer é uma doença insidiosa de origem multicausal,
relacionada ao conjunto de fatores genéticos e ambientais. Seu surgimento se dá
em razão de alterações na informação genética de células somáticas (todas as
células do organismo, exceto óvulos e espermatozoides), de origem hereditária
ou adquirida. Dentre os fatores ambientais, o mais notável é a dieta. Estudos
comprovam que a ingestão de frutas e hortaliças exerce efeito protetor contra
diversas formas de câncer, enquanto os alimentos industrializados e alto teor
de gorduras promovem efeito nocivo. Também são fatores relevantes tabagismo,
obesidade, pouca atividade física, contato com certos microorganismos, e
exposição frequente a substâncias carcinogênicas (como amianto ou partículas de
carvão).
Como processo fisiológico, a multiplicação celular ocorre em
todo organismo com finalidade de regeneração tecidual, substituindo as células
mortas. Já o mecanismo patológico do câncer é caracterizado pela desordem desse
processo de multiplicação, em que as células passam a se dividir de forma
autônoma. O tumor gerado deixa de atender a comandos do organismo para apoptose
(processo de morte celular que toda célula não funcional fisiologicamente
sofreria), e passa a comandar a proliferação de grande número de células que já
não desempenham função, causando inflamação, invadindo tecidos adjacentes e alterando
o padrão de irrigação sanguínea local. Esta concentração maciça de células em constante
atividade consome bastante energia, devido à alta atividade metabólica,
causando ao indivíduo sintomas como cansaço acentuado e emagrecimento.
Por se tratar de células próprias do indivíduo, o tratamento
medicamentoso não é direcionado ao agente causal, como é para outras doenças. A
terapia antineoplásica consiste no retardamento da multiplicação celular, com
objetivo de agredir o tumor e sua alta exigência metabólica. Entretanto, a ação
do fármaco não distingue células saudáveis de cancerígenas, logo, todos os
tecidos têm redução da taxa de regeneração. Para o doente em tratamento, este
fator não é sentido em grande parte dos sistemas orgânicos, porém é mais
relevante nas mucosas (por exemplo, do trato gastrointestinal), onde há maior
desgaste tecidual. A sensibilidade à terapia quimioterápica é, geralmente,
explicada por esta atividade farmacológica esperada. Embora surjam reações
adversas ao tratamento, este deve ser conduzido muito seriamente para que o
sucesso terapêutico seja alcançado.
Suzana Silva de Oliveira - 10º semestre de Farmácia
Referências:
GARÓFOLO, A. et al. Dieta e câncer: um enfoque
epidemiológico. Rev. Nutr., Campinas, v. 17, n. 4, p. 491-505, out./dez. 2004.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer. José
Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2014. Incidência de Câncer no Brasil.
Brasília: MS, 2014.
PRADO, B. B. F.. Influência dos hábitos de vida no
desenvolvimento do câncer. São Paulo: Cienc. Cult., v. 66, n. 1, 2014.
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