Os medicamentos para emagrecer, a exemplo dos anorexígenos, vêm
sendo amplamente explorados como manobra para perda de peso. Sua função, no
entanto, é a de simples moderação da fase de reeducação alimentar. Quando
interrompida a terapia, a mudança de estilo de vida deve ser capaz, por si só,
de prevenir novo ganho de peso ou o chamado ‘efeito sanfona’. Entretanto, assim
como todo fármaco, seu uso só deve ser considerado quando os benefícios de
utilização superarem os riscos que a administração pode trazer ao organismo, ou
quando os agravos do sobrepeso forem pronunciados.
A obesidade é caracterizada como um estado de “excesso de
gordura corporal”, estabelecido quando o cálculo do índice de massa corporal (IMC
= peso corporal em quilos/ altura2 em metros) é maior ou igual a 30, ou ainda
quando a circunferência da cintura é igual ou superior a 94 cm em homens e 80
cm em mulheres.
A ingestão de alimentos altamente energéticos e a urbanização
dos empregos e formas de locomoção, promovendo o sedentarismo, vêm a favorecer
a instalação da obesidade. Em muitos países em desenvolvimento, como o Brasil,
surgem cidadãos obesos-subnutridos devido ao consumo de alimentos pobres em
teor nutritivo, mas ricos em gorduras e açúcares. Não obstante a estes
aspectos, quatro fatores contribuem para o aumento de peso: a) genéticos; b) ambientais,
por ser mais incidente em perímetros urbanos; c) socioeconômicos, com maior taxa
de obesidade em países de rendimento elevado; d) comportamentais, ligados ao
estilo de vida sedentário.
A obesidade é reconhecida como uma condição clínica crônica,
associada ao aumento de morbidade, trazendo vários problemas a saúde, e de mortalidade,
reduzindo o tempo de vida. Considerada como epidemia nos EUA, a doença é
encarada como problema de saúde pública por aumentar propensão a riscos para a
saúde como hipertensão, dislipidemia, resistência à insulina (fator culminante
de diabetes mellitus tipo 2), síndrome da apneia do sono, câncer de endométrio
em mulheres e carcinoma colorretal em homens, e doenças cardiovasculares
(angina de peito, claudicação, tromboses venosas e sua principal consequência:
embolia pulmonar).
Como caráter fisiológico, todo indivíduo acumula gordura
corporal ao longo da idade adulta, e começa a perder massa muscular entre 30 e
40 anos de idade, logo o idoso tende a maior proporção de gordura e
circunferência abdominal. No entanto, embora a gordura aumentada no abdômen
esteja associada a maior mortalidade por doença cardiovascular, este fator é
mais agressivo quando incidente em jovens adultos.
Autoridades em saúde de vários países discutem uma
estratégia de combate efetiva para esta doença, que traz grande prejuízo de
qualidade de vida individual. A prevenção deve ser preconizada, por meio de
orientação de estilo de vida saudável e conscientização dos possíveis agravos
gerados pela obesidade. O tratamento inclui reeducação nutricional, alteração
da rotina e inclusão de atividade física. As opções farmacológicas são adotadas
quando as medidas anteriormente citadas não se mostraram suficientes.
Os medicamentos para emagrecer são adjuvantes da mudança de
estilo de vida. É muito importante que a relação risco x benefício seja
considerada antes de qualquer intervenção farmacológica. A intervenção
cirúrgica é um último recurso empregável.
Suzana Silva de Oliveira – 10º semestre Farmácia
Referências:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA
SÍNDROME METABÓLICA - ABESO. Diretrizes brasileiras de obesidade: 2009/2010. Itapevi,
SP: AC Farmacêutica, 2009. 3 ed.
EUROPEAN MEDICINES AGENCY. Science Medicines Health. Committee
For Medicinal Products for Human Use. Guideline on clinical evaluation of medicinal products used in weight
control. London: EMEA, 2007. Disponível em:
<http://www.ema.europa.eu/ema/index.jsp>. Acesso em: 26 set. 2014.
NATIONAL
INSTITUTES OF HEALTH. Department of Health and Human Services. Obesity
Research. USA: USA.gov, 2011. Disponível em: <http://www.obesityresearch.nih.gov/>.
Acesso em: 26 set. 2014.
WORLD
HEALTH ORGANIZATION. Obesity and overweight. Genebra: WHO, 2014. Fact
sheet N°311. Updated August 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário