quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Energéticos: além da disposição

As bebidas energéticas são conhecidas como benéficas ao desempenho físico e intelectual, estado de alerta e humor, não se ressaltando os possíveis efeitos não desejados associados ao uso excessivo ou continuado. O marketing intensivo, combinado com a falta de regulamentação, assim como o fácil acesso, tem contribuído para uma tendência crescente no consumo dessas bebidas.

O consumo de energéticos e de outras bebidas cafeinadas, como o café, utilizado como substituto do sono, é uma prática comum entre adolescentes e jovens adultos, principalmente em contexto escolar e desportivo. A prática de atividade física é tida como propósito do uso de energéticos em mais de 40% dos casos. A grande questão é se os efeitos pretendidos são superiores aos desejados de acordo com a dose de cafeína que as bebidas possuem e quais os riscos associados ao seu consumo.

São chamadas de energéticas pois contêm substâncias estimulantes, como cafeína, guaraná, taurina, ginseng, l-carnitina, assim como diferentes quantidades de proteínas, aminoácidos, vitaminas e outros minerais. Um estudo mostrou que as demais substâncias (isoladas ou associadas a cafeína) não apresentam efeitos benéficos superiores no desempenho físico e intelectual quando comparados à cafeína isolada.

É no sistema nervoso central (SNC) que acontece a ação estimulante propriamente dita. Doses entre 85-250mg de cafeína resultam em aumento do estado de alerta, diminuição do cansaço e melhoria na concentração. 

O efeito estimulante da cafeína pode resultar na ocorrência de taquicardia e arritmias, quando em doses elevadas. Também pode causar vasoconstrição, comprometendo a irrigação do coração e cérebro, além de reduzir a sensibilidade à insulina, podendo levar ao acúmulo de gordura e doenças metabólicas como diabetes e obesidade. Por hiperestimular o trato digestório, pode causar náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia, refluxo gastroesofágico, azia e inflamação de esôfago.

Um dos riscos do consumo de bebidas energéticas, devido à presença de cafeína, é a  possibilidade de desidratação. A cafeína tem efeito diurético, o qual combinado com a sudorese da atividade física pode aumentar a perda de líquidos e eletrólitos, por isso sua ingestão deve ser evitada no contexto de reidratação. Para prática de atividade, além da água, existem bebidas específicas, as bebidas desportivas, as quais tem em sua formulação os eletrólitos, vitaminas e minerais que serão necessários repor após atividade física. Por não apresentarem cafeína, não apresentam risco de desidratação. Ao contrário, garantem a hidratação adequada.

Consulte um farmacêutico a respeito da formulação das bebidas que você consome e quais as reais indicações de cada uma. Substâncias estimulantes não podem ser consideradas bebidas alimentícias.

Thaís Damin Lima - 8º semestre do curso de Farmácia

Referências:

REISSIG, C. J.; STRAIN, E. C.; GRIFFITHS, R. R. Caffeinated energy drinks – a growing problem, Drug Alcohol Depend. 2009;99:1–10.

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Committee on Nutrition and the Council on Sports Medicine and Fitness. Sports drinks and energy drinks for children and adolescents: are they appropriate? Pediatrics. 2011;127: 1182-1189.

MCLELLAN, Tom M.; LIEBERMAN, Harris R., Do energy drinks contain active components other than caffeine?, Nutrition Reviews 2012, Vol. 70(12):730–744.

GUNJA N.; BROWN J. A. Energy drinks: health risks and toxicity. Med J Aust 2012;196:46–9. 

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