As bebidas energéticas são
conhecidas como benéficas ao desempenho físico e intelectual, estado de alerta
e humor, não se ressaltando os possíveis efeitos não desejados associados ao
uso excessivo ou continuado. O marketing intensivo, combinado com a falta de
regulamentação, assim como o fácil acesso, tem contribuído para uma tendência
crescente no consumo dessas bebidas.
O consumo de energéticos e de
outras bebidas cafeinadas, como o café, utilizado como substituto do sono, é
uma prática comum entre adolescentes e jovens adultos, principalmente em
contexto escolar e desportivo. A prática de atividade física é tida como
propósito do uso de energéticos em mais de 40% dos casos. A grande questão é se
os efeitos pretendidos são superiores aos desejados de acordo com a dose de
cafeína que as bebidas possuem e quais os riscos associados ao seu consumo.
São chamadas de energéticas pois
contêm substâncias estimulantes, como cafeína, guaraná, taurina, ginseng,
l-carnitina, assim como diferentes quantidades de proteínas, aminoácidos,
vitaminas e outros minerais. Um estudo mostrou que as demais substâncias
(isoladas ou associadas a cafeína) não apresentam efeitos benéficos superiores
no desempenho físico e intelectual quando comparados à cafeína isolada.
É no sistema nervoso central
(SNC) que acontece a ação estimulante propriamente dita. Doses entre 85-250mg
de cafeína resultam em aumento do estado de alerta, diminuição do cansaço e
melhoria na concentração.
O efeito estimulante da cafeína
pode resultar na ocorrência de taquicardia e arritmias, quando em doses
elevadas. Também pode causar vasoconstrição, comprometendo a irrigação do
coração e cérebro, além de reduzir a sensibilidade à insulina, podendo levar ao
acúmulo de gordura e doenças metabólicas como diabetes e obesidade. Por hiperestimular o trato digestório, pode causar náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia, refluxo gastroesofágico, azia e inflamação de esôfago.
Um dos riscos do consumo de
bebidas energéticas, devido à presença de cafeína, é a possibilidade de desidratação. A cafeína tem
efeito diurético, o qual combinado com a sudorese da atividade física pode
aumentar a perda de líquidos e eletrólitos, por isso sua ingestão deve ser
evitada no contexto de reidratação. Para prática de atividade, além da água,
existem bebidas específicas, as bebidas desportivas, as quais tem em sua
formulação os eletrólitos, vitaminas e minerais que serão necessários repor
após atividade física. Por não apresentarem cafeína, não apresentam risco de
desidratação. Ao contrário, garantem a hidratação adequada.
Consulte um farmacêutico a
respeito da formulação das bebidas que você consome e quais as reais indicações
de cada uma. Substâncias estimulantes não podem ser consideradas bebidas
alimentícias.
Thaís Damin Lima - 8º semestre do curso de Farmácia
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