quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Suicídio: Intoxicações por medicamentos

O suicídio é a realização do desejo de morrer ou dar fim à própria vida e acomete pessoas de todas as idades e classes sociais. Diversos motivos podem levar alguém a cometer esse ato que geralmente ocorre devido à necessidade de aliviar pressões externas como cobranças sociais, culpa, remorso, depressão, ansiedade, fracasso, entre outros. As pessoas querem se matar em busca de atenção por se sentirem esquecidas ou ignoradas, uma solidão sentida, um isolamento insuportável. Algumas pessoas sentem vontade de desaparecer, fugir ou de ir para um lugar ou situação melhor. Sentem a necessidade de paz, descanso ou um final imediato aos tormentos que não terminam.

O impulso suicida também é uma reação natural, mas é mais comum nas pessoas que estão exaustas por dentro e debilitadas emocionalmente. Geralmente essas pessoas tentam suicídio usando mais de um tipo de substância química (medicamentosa ou não). Os fármacos psicoativos (substâncias que alteram o estado mental),  os tranquilizantes, antidepressivos e anticonvulsivantes estão entre os medicamentos mais utilizados nas tentativas de suicídio.

Nos medicamentos de venda livre o que mais se destaca é a dipirona, diferentemente de outros países em que o paracetamol é utilizado na mesma proporção dos antidepressivos e tranquilizantes. O medicamento é o principal agente que causa intoxicação em humanos no Brasil. Tranquilizantes, antigripais e antidepressivos são as classes que mais causam intoxicação. Cerca de 44% das intoxicações foram classificados como tentativa suicídio.

A intoxicação por tranquilizantes pode gerar sintomas como sedação, sonolência, fala arrastada, confusão mental, depressão na respiração, diminuição da pressão arterial podendo levar a coma e óbito. Em casos de intoxicação é indispensável assistência respiratória, se necessário fazer uso de oxigênio. É de suma Importância o monitoramento da respiração e dos sinais vitais. Para alguns fármacos, induzir ao vômito apenas se a ingestão tiver sido realizada minutos antes, entretanto, alguns fármacos não devem ser induzidos, pois podem acelerar o início da depressão e coma.

Nos casos em que o indivíduo está consciente, é administrado carvão ativado. Já nos casos em que se encontra inconsciente é realizada a lavagem gástrica.  Flumazenil é o antidoto usado para reverter a sedação e há melhora dos efeitos respiratórios.

Os antidepressivos em doses excessivas podem gerar sintomas como inconsciência prolongada, coma, convulsões, depressão respiratória entre outros. Em caso de intoxicação o tratamento é complexo, sendo realizado a lavagem gástrica, seguida de administração de carvão ativado repetidamente. Não se deve induzir o vômito pois pode causar convulsões. O paciente deve ser observado por no mínimo 6 horas.

Os anticonvulsivantes reduzem a atividade motora, podem causar sedação leve, confusão, delírios, dificuldade na fala e até coma.  Em casos de intoxicação deve-se ter assistência respiratória, monitoramento respiratório e cardiovascular. Na tentativa de rever o caso é feita Lavagem gástrica, Carvão ativado entre outros. A alcalinização urinária é feita para facilitar a excreção do fármaco tóxico. Nos casos de pacientes com insuficiência renal é necessário fazer hemodiálise, junto a medidas sintomáticas e de manutenção. 

Estudar e prevenir as tentativas de suicídio é um processo complexo, um desafio que envolve recursos financeiros e sensibilidade por parte dos profissionais envolvidos.

Laís Oliveira Reis – 8º semestre do curso de Farmácia

Referências:

BERNARDES, S.S., TURINI, C.A., MATSUO,T. Perfil das tentativas de suicídio por sobre dose intencional de medicamentos atendidas por um Centro de Controle de Intoxicações do Paraná, Brasil, Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, p. 1366-1372, jul., 2010

CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA, falando abertamente sobre suicídio, Programas de Prevenção do Suicídio e Saúde Mental.


SECRETARIA DA SAÚDE, (CCE) Intoxicações por Medicamentos, Governo do Estado do Paraná. Disponível em: <http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1447>. Acesso em: 14/09/2016.

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