A expressão autismo foi utilizada
pela primeira vez em 1911 para designar a perda do contato com a realidade
apresentada por algumas pessoas, o que acarretava uma grande dificuldade ou
impossibilidade de comunicação. Atualmente designada de Transtorno do Espectro
do Autismo (TEA), por se entender que não se trata de doença única, mas sim de
um distúrbio de desenvolvimento complexo, definido do ponto de vista
comportamental, com etiologias múltiplas e graus variados de severidade.
Quanto a suas causas, existe uma
série ampla e diversificada de hipóteses. Alguns autores sugerem que a rejeição
ou outros traumas emocionais nos primeiros meses de vida seriam a causa desse
distúrbio. Outros atribuem a origem dessa síndrome a perturbações profundas na
relação da criança com o meio. Acredita-se, também, que o autismo acontece em
crianças organicamente predispostas, nas quais um trauma emocional precipitou a
desordem.
Em relação aos sintomas, na
maioria dos casos, eles são percebidos na escola (ainda no pré-escolar) pelas
professoras que, no convívio cotidiano e grupal, podem observar a
impossibilidade destas crianças de se relacionar, seja com outras crianças,
seja com as próprias professoras. Sua epidemiologia corresponde a
aproximadamente 1 a 5 casos em cada 10.000 crianças, numa proporção de 2 a 3
homens para 1 mulher. Observa-se assim uma predominância do sexo masculino.
Os principais sintomas são: pouco
contato visual, no contato com outras pessoas, o portador tende a olhar mais
para as mãos ou para um objeto da pessoa do que para seus olhos. O espectro do
autismo ainda inclui não dar continuidade a processos sociais ou conversas; não
saber se comunicar por meio de gestos; fala existente, mas sem muito nexo com a
realidade a sua volta; algumas manias e procedimentos repetitivos. E mais,
dificuldade em aceitar espontaneamente regras e rotinas e pouco disposto a se
socializar, tendendo a se isolar.
É importante que o processo
diagnóstico seja realizado por uma equipe multiprofissional com experiência
clínica e que não se limite à aplicação de testes e exames. A pluralidade de
hipóteses etiológicas sem consensos conclusivos e a variedade de formas
clínicas e/ou comorbidades, que podem acometer a pessoa com TEA, exige o
encontro de uma diversidade de disciplinas. Portanto, é preciso avaliar a
necessidade de exames neurológicos, metabólicos e genéticos que possam
complementar o processo diagnóstico.
O tratamento é complexo,
centrando-se em abordagem medicamentosa destinada à redução de sintomas-alvo,
representados principalmente por agitação, agressividade e irritabilidade, que
impedem o encaminhamento dos pacientes a programas de estimulação e
educacionais. Cabe lembrar que, exatamente por se tratarem de pacientes
crônicos, essa visão terapêutica se estenderá por longos períodos, exigindo dos
profissionais envolvidos monitoração constante, para que tenham uma dimensão
exata do problema.
Sob o ponto de vista
psicofarmacoterápico, são utilizados os neurolépticos, a combinação vitamina
B6-magnésio, fenfluramina, carbamazepina, ácido valpróico, risperidona e lítio,
visando-se sempre a remissão dos sintomas-alvo.
Entretanto, em momento nenhum, a
psicofarmacoterapia foi considerada como opção exclusiva de tratamento pois, ao
acreditar que ela reduz os sintomas-alvo, pensam que facilite uma abordagem de
cunho pedagógico, de acordo com o proposto nos últimos anos.
Guilherme da Silva Jonas - 8º semestre do curso de Farmácia
GADIA, Carlos A; TUCHMAN,
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ASSUMPCAO JR, Francisco B;
PIMENTEL, Ana Cristina M. Autismo infantil. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo ,
v. 22, supl. 2, p. 37-39, Dec. 2000.
BRASIL. Ministério da Saúde.
Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e
Temática. Linha de cuidado para a atenção às pessoas com transtornos do
espectro do autismo e suas famílias na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema
Único de Saúde – Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
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