segunda-feira, 20 de março de 2017

Plantas abortivas

As plantas para uso medicinal são utilizadas para tal desde a antiguidade. Estudos apontam que cerca de três quartos da população façam o uso delas para a cura de doenças. Quando se fala da população brasileira, é constatado que aproximadamente 63% faça uso, principalmente, na forma de chá. As plantas durante o seu metabolismo produzem metabólitos que são os seus princípios ativos. Esses princípios irão dar a sua característica farmacológica. Por causa disso, as indústrias investem muito nos chamados fitoterápicos, que são medicamentos baseados nos princípios ativos das plantas.

Como as plantas medicinais são utilizadas há diversos anos, a transmissão do conhecimento popular sobre a sua utilização permitiu que a população pudesse encontrar novas sistemáticas de terapêuticas, muitas vezes mais baratas e que se tornaram tradicionais na cultura de muitos povos. Porém, há controvérsia quando se fala que elas são medicamentos naturais e que não fazem mal algum para a saúde. Há grande difusão na população de que produtos de origem vegetal são isentos de qualquer reação adversa ou tóxica. Assim como os medicamentos, se usadas indiscriminadamente, e fora da dose adequada, pode causar prejuízos à saúde.

Quando se fala do uso indiscriminado, um dos mais perigosos e preocupantes é o uso abortivo. Como citado anteriormente, as plantas produzem os seus princípios ativos e muitas desses são capazes de atravessar a placenta, chegar ao feto e gerar um efeito abortivo. Porém, de acordo com a regulamentação brasileira, os medicamentos fitoterápicos devem ter sua eficácia e segurança comprovadas também para gestantes, para se evitar riscos como má formação congênita e aborto.

Como a prática do aborto induzido é considerada um crime pelo código Penal Brasileiro, muitas gestantes procuram métodos clandestinos para realizarem o aborto. Há diversas espécies de plantas que podem causar este efeito, inclusive plantas de fácil acesso à população. A difusão do conhecimento sobre os benefícios das plantas medicinais pela população é visto como algo muito positivo, porém quando utilizadas como métodos abortivos torna-se uma prática totalmente desprovida de conhecimento a respeito da toxicidade e possíveis perigos que podem causar à saúde.

 A falta de conhecimento da toxicidade de algo que parece tão simples pode causar além da morte do feto, a morte da mãe. Por isso, é muito importante que haja estudos dessas plantas e que sejam consistentes. Esses estudos podem ser etnobotânicos, quando se estuda a utilização das plantas medicinais já usadas pela população. Porém, são importantes os estudos que analisam sua constituição química, o que irá conferir maior credibilidade às ações farmacológicas e tóxicas da planta. Na dúvida, sempre procure um farmacêutico para sua orientação, pois o mesmo também é capaz de indicar e prescrever fitoterápicos.

João Gabriel Gouvêa da Silva – 5° semestre do curso de Farmácia.

Referências:

SOUZA, M.N.C.V et al. Plantas medicinais abortivas utilizadas por mulheres de UBS: etnofarmacologia e análises cromatográficas por CCD e CLAE. Rev. bras. plantas med. Botucatu. v.15 n.4. 2013.

RODRIGUES, H.G. et al. Efeito embriotóxico, teratogênico e abortivo de plantas medicinais. Rev. bras. plantas med. Botocatu. v.13 n.3 2011.

ARCANJO, G.M.G. et al. Estudo da utilização de plantas medicinais com finalidade abortiva. Revista Eletrônica de Biologia. São Paulo. v.6 n.3 2013.


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