As plantas para uso medicinal são
utilizadas para tal desde a antiguidade. Estudos apontam que cerca de três
quartos da população façam o uso delas para a cura de doenças. Quando se fala
da população brasileira, é constatado que aproximadamente 63% faça uso,
principalmente, na forma de chá. As plantas durante o seu metabolismo produzem
metabólitos que são os seus princípios ativos. Esses princípios irão dar a sua característica
farmacológica. Por causa disso, as indústrias investem muito nos chamados
fitoterápicos, que são medicamentos baseados nos princípios ativos das plantas.
Como
as plantas medicinais são utilizadas há diversos anos, a transmissão do
conhecimento popular sobre a sua utilização permitiu que a população pudesse encontrar
novas sistemáticas de terapêuticas, muitas vezes mais baratas e que se tornaram
tradicionais na cultura de muitos povos. Porém, há controvérsia quando se fala
que elas são medicamentos naturais e que não fazem mal algum para a saúde. Há
grande difusão na população de que produtos de origem vegetal são isentos de
qualquer reação adversa ou tóxica. Assim como os medicamentos, se usadas
indiscriminadamente, e fora da dose adequada, pode causar prejuízos à saúde.
Quando
se fala do uso indiscriminado, um dos mais perigosos e preocupantes é o uso
abortivo. Como citado anteriormente, as plantas produzem os seus princípios
ativos e muitas desses são capazes de atravessar a placenta, chegar ao feto e
gerar um efeito abortivo. Porém, de acordo com a regulamentação brasileira, os
medicamentos fitoterápicos devem ter sua eficácia e segurança comprovadas também
para gestantes, para se evitar riscos como má formação congênita e aborto.
Como
a prática do aborto induzido é considerada um crime pelo código Penal
Brasileiro, muitas gestantes procuram métodos clandestinos para realizarem o
aborto. Há diversas espécies de plantas que podem causar este efeito, inclusive
plantas de fácil acesso à população. A difusão do conhecimento sobre os
benefícios das plantas medicinais pela população é visto como algo muito
positivo, porém quando utilizadas como métodos abortivos torna-se uma prática
totalmente desprovida de conhecimento a respeito da toxicidade e possíveis
perigos que podem causar à saúde.
A
falta de conhecimento da toxicidade de algo que parece tão simples pode causar
além da morte do feto, a morte da mãe. Por isso, é muito importante que haja
estudos dessas plantas e que sejam consistentes. Esses estudos podem ser
etnobotânicos, quando se estuda a utilização das plantas medicinais já usadas pela
população. Porém, são importantes os estudos que analisam sua constituição
química, o que irá conferir maior credibilidade às ações farmacológicas e
tóxicas da planta. Na dúvida, sempre procure um farmacêutico para sua
orientação, pois o mesmo também é capaz de indicar e prescrever fitoterápicos.
João Gabriel Gouvêa da
Silva – 5° semestre do curso de Farmácia.
Referências:
SOUZA, M.N.C.V et al. Plantas
medicinais abortivas utilizadas por mulheres de UBS: etnofarmacologia e
análises cromatográficas por CCD e CLAE. Rev. bras. plantas med. Botucatu.
v.15 n.4. 2013.
RODRIGUES, H.G. et al. Efeito
embriotóxico, teratogênico e abortivo de plantas medicinais. Rev. bras. plantas
med. Botocatu. v.13 n.3 2011.
ARCANJO, G.M.G. et al. Estudo da
utilização de plantas medicinais com finalidade abortiva. Revista Eletrônica de
Biologia. São Paulo. v.6 n.3 2013.
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