A deficiência de micronutrientes,
durante o período gestacional, pode trazer consequências adversas para a saúde
das gestantes e para o desenvolvimento fetal. Durante o período de lactação, as
deficiências nutricionais da mãe podem contribuir para a manutenção de baixas
reservas de nutrientes no filho, aumentando as chances para o desenvolvimento
de carências nutricionais nos primeiros anos de vida, período em que há maior
prevalência de agravos à saúde infantil.
Um dos problemas que afetam as gestantes
de 10 a 20%, e está relacionado com a deficiência de vitamina A, é a cegueira
noturna, e que a mesma se associe com risco cinco vezes maior de mortalidade
materna nos dois anos pós-parto, além da probabilidade de ocorrência de
complicações gestacionais.
Atualmente, sabe-se que mesmo a
deficiência da vitamina A subclínica (quando estão ausentes os sinais de visão
prejudicada) intensifica a gravidade de enfermidades como diarreia e outros
processos infecciosos, podendo provocar quadros de queda da imunidade de origem
exclusivamente nutricional. Calcula-se que, a cada minuto, morra uma criança de
causa direta ou indiretamente atribuível à deficiência da vitamina A e que,
diariamente, muitas mulheres falecem em decorrência de problemas evitáveis
relacionados à gravidez ou ao parto, e que podem ser agravados pela deficiência
da vitamina A. Durante o período embrionário o ácido retinoico atua na formação
e desenvolvimento do coração, olhos e dos ouvidos, podendo tornar tanto o
excesso quanto a falta desse nutriente responsável por defeitos congênitos, ou
até mesmo a morte fetal.
A formação de reservas fetais de
vitamina A se inicia durante o último trimestre de gestação e, após o
nascimento, para construir a sua reserva são necessários vários meses de
ingestão adequada. Normalmente, a transferência de vitamina A da mãe para
o filho é 60 vezes maior durante os seis meses de lactação, quando comparada à
transferência ocorrida durante os nove meses gestacionais, sendo a concentração
de vitamina A no leite materno suficiente para suprir as necessidades diárias,
supondo-se o estabelecimento de amamentação plena.
Durante a gestação não é
necessária uma suplementação de vitamina A, porém no pós-parto é necessária uma
suplementação de mega dose de vitamina A de forma imediata, garantindo as
reservas corporais e a suplementação adequada para o bebê. Tais ações podem
produzir benefícios para a saúde materno-infantil, contribuindo para a redução
dos níveis de problemas gerados pela falta da vitamina A.
Guilherme da Silva Jonas - 8º semestre do curso de Farmácia
Referências:
SILVA,
Luciane de Souza Valente da; SOUZA,
Gisele Gonçalves de; et al. Micronutrientes na gestação e lactação.Rev.
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RAMALHO, Andréa ; PADILHA Patrícia;
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brasileiros sobre deficiência de vitamina A no grupo materno-infantil. Rev Paul
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SANTOS, Emanuelle Natalee;
VELARDE, Luis Guillermo Coca; et al. Associação entre deficiência de vitamina A
e variáveis socioeconômicas, nutricionais e obstétricas de gestantes. Ciência
& Saúde Coletiva, 15(Supl. 1):1021-1030, 2010.
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