O aleitamento possui papel
fundamental no desenvolvimento cerebral e no crescimento do bebê, decorrente
dos fatores apresentados acima. No entanto, é comum observarmos interrupção do
aleitamento pela mãe, seja por vontade própria, seja por recomendação médica,
decorrente de algum tratamento farmacológico. Isso acontece devido ao fato de
muitos medicamentos não ser claro se ocorre a transferência da substância para
o bebê durante o aleitamento. Visto isso, é necessário que o médico avalie a
real necessidade da terapia medicamentosa, optando por medicamentos já
estudados e com segurança comprovada para recém-nascidos e lactentes, e que
possuam baixo nível de excreção no leite materno.
Visando isso, regularmente são
disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, pela Academia Americana de Pediatria
e pela Organização Mundial da Saúde, publicações sobre drogas e aleitamento
materno. A Academia Americana de Pediatria classificou os fármacos como: drogas
citotóxicas, que podem interferir no metabolismo celular do lactente; drogas de
abuso com efeitos adversos descritos no lactente; compostos radioativos que
requerem a suspensão temporária da amamentação; drogas com efeitos
desconhecidos, mas que requerem preocupação; drogas com efeitos significativos
em alguns lactentes e que devem ser usadas com cautela; drogas compatíveis com
a amamentação.
A transferência do fármaco para o
leite materno é dependente de suas características químicas, como lipossolubilidade,
capacidade de ligação às proteínas plasmáticas, grau de ionização, meia-vida de
eliminação e biodisponibilidade. Também deve-se considerar a via pela qual o
fármaco é administrado, dando preferência por fármacos administrados
topicamente ou inalados, pois estes não atingem níveis plasmáticos
significativos, sendo pouco mensuráveis no leite materno. Também é preferível
optar por medicamentos pouco permeáveis à barreira hematoencefálica, e com
elevado peso molecular, pois estas características reduzem o nível de
transferência para o leite.
Quando uma terapêutica é adotada,
é importante orientar a mãe a observar possíveis efeitos colaterais no
bebê, como alteração do padrão alimentar, hábitos de sono, agitação, contração
muscular e distúrbios gastrointestinais. Há de se considerar a idade da
criança, visto que neonatos apresentam efeitos colaterais mais elevados quando
comparado com bebês com mais idade, que apresentam funções hepática e renal
mais eficaz para a excreção da droga.
Entretanto, independentemente das
características farmacológicas, drogas sabidamente tóxicas à criança, como
antineoplásicos, radiofármacos ou drogas de abuso, não devem ser administradas
durante o aleitamento. Contudo a indicação criteriosa e a seleção cuidadosa dos
medicamentos para a terapêutica materna, geralmente permitem que a amamentação
continue sem interrupção e com segurança. Não se esqueça, o aleitamento é
muito, muito importante para o bebê, não o interrompa sem o estrito acompanhamento
médico. Converse com um farmacêutico a respeito, ele saberá tirar suas dúvidas.
Mayra Ivonete Wessling – 6º semestre do curso de Farmácia
Referências:
CHAVES, Roberto Gomes; LAMOUNIER,
Joel Alves; CESAR, Cibele Comini. Medicamentos e amamentação: atualização e
revisão aplicadas à clínica materno-infantil. Rev. paul. pediatr., São Paulo ,
v. 25, n. 3, p. 276-288,
Sept. 2007.
CHAVES, Roberto G.; LAMOUNIER,
Joel A.. Uso de medicamentos durante a lactação. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre , v. 80, n. 5, supl. p. s189-s198, Nov.
2004.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Amamentação
e uso de medicamentos e outras substâncias. 2010. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/amamentacao_uso_medicamentos_2ed.pdf>.
Acesso em 6 Jun. 2017.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE
PEDIATRIA. Saiba mais sobre: Uso de drogas e Aleitamento Materno. Disponível
em:< http://www.sbp.com.br/src/uploads/2012/12/Saiba-mais-sobre-Uso-de-drogas-e-Aleitamento-Materno.pdf>.
Acesso em 6 Jun. 2017.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. PRINCÍPIOS
DE ANATOMIA E FISIOLOGIA, 12 ed, 2010, Editora Guanabara Koogan.
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